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Papa Francisco nomeia novo presidente para Banco do Vaticano

O economista francês Jean-Baptiste de Franssu substitui já nesta quarta-feira o empresário alemão Ernst von Freyberg como presidente do Instituto para Obras de Religião



Entre as medidas adotadas, está a de tornar o IOR em um pequeno banco, que se "dedique somente a servir a Igreja". Neste caso, funcionários e instituições católicas seriam os únicos clientes da instituição reformada. Ainda temos muitos desafios a encarar e muito trabalho pela frente", confessou Pell.

A reforma da polêmica gestão de finanças do Vaticano é um dos maiores desafios para o pontífice, que após sua eleição, em março de 2013, prometeu colocar ordem no IOR, exigindo controles mais rígidos.

[SAIBAMAIS]Embora se pensasse inicialmente que o IOR seria fechado dando lugar a um banco ético, o Papa acabou transformando a instituição em um simples "provedor de serviços para a Igreja", explicou Pell.

"É uma honra para mim que tenham me chamado para aplicar essas mudanças", declarou o economista De Franssu, pouco conhecido em nível internacional, membro da comissão dissolvida que estudou os problemas financeiros e administrativos da Santa Sé e que há poucos meses fazia parte da Economia.

"Vejo este cargo como uma missão", comentou o especialista francês, católico praticante, integrante do movimento internacional em Defesa da Vida e da Família Tradicional. "Só investimentos éticos transitarão pelo IOR", advertiu.

Uma cara para o IOR


Com a nova cara do IOR, entra-se na chamada "fase II" da sua reforma, iniciada ao fim da avaliação de 19.000 contas. Na terça-feira, a entidade publicou suas contas de 2013 e indicou que, depois de uma análise sistemática de seus clientes, havia bloqueado 1.329 contas individuais e outras 762 de clientes institucionais. Informou também a respeito do encerramento de 3.000 relações com clientes, das quais 2.600 eram "contas adormecidas".

O fechamento dessas contas significou para a entidade se desfazer de ativos em um valor de 44 milhões de euros. Desse total, 37,1 milhões foram transferidos para instituições italianas, 5,7 milhões foram transferidos internamente na forma de doações e os 1,2 milhão de euros restantes foram pagos a seus titulares.

A "limpeza" da instituição será acompanhada por uma reforma mais ampla de todas as ativdades econômicas da Igreja e afetará também o sistema de comunicação, em particular a Rádio Vaticano, emissora da Santa Sé com transmissões em vários idiomas para todo o mundo. "Vamos economizar de forma considerável", adiantou o enérgico cardeal Pell, que se transforma em uma das personalidades mais influentes dentro do Vaticano.

A Santa Sé também anunciou a reforma do Fundo de Pensões do Vaticano e da Administração do Patrimônio da Sede Apostólica (APSA).

Com a nova era, o Papa tenta acabar com várias décadas de má gestão das finanças do Vaticano, marcadas por escândalos, intrigas e, sobretudo, pela lavagem de dinheiro proveniente da máfia.

A saída de von Freysberg, nomeado pelo papa emérito Bento XVI pouco antes de renunciar a seu pontificado, e a designação de uma nova equipe de trabalho deve conferir "maior transparência" à entidade bancária.

"A primeira fase terminou e agora começa na segunda-feira. Parece-me justo que seja dirigida por uma pessoa que possa se dedicar integralmente, porque eu não posso, e que seja um especialista na gestão de fundos, o que eu não sou. É importante para o IOR", explicou von Freyberg durante uma coletiva de imprensa.

"Hoje, conhecemos todos os nossos clientes, investigamos os principais casos legais, criamos plena transparência publicando nosso balanço anual na internet e melhoramos substancialmente nossos procedimentos internos. Hoje, a Santa Sé pode dizer que o IOR não será afrontado por casos desconhecidos. Ainda que nunca nos livremos do nosso passado, hoje estamos limpos", adiantou em uma entrevista.

De Franssu adiantou que vai se dedicar "integralmente" ao IOR. Em um sinal de independência, farão parte do conselho do IOR outros laicos, entre eles o alemão Clemens Boersig, a americana Mary Ann Glendon e o britânico Sir Michael Hintze.