Yangon - Duas pessoas morreram em confrontos entre budistas e muçulmanos em Mandalay, Mianmar, o que obrigou as autoridades a impor um toque de recolher na segunda maior cidade do país onde as questões religiosas são explosivas. Mianmar, de maioria budista, foi cenário de ondas de violência desde 2012, que deixaram mais de 250 mortos e 140 mil deslocados, principalmente muçulmanos.
Os distúrbios demonstram mais uma vez a islamofobia latente em um país dominado pela etnia bamar, budista, e com 4% de muçulmanos. Além disso, os distúrbios são acompanhados por campanhas de monges budistas radicais que pedem o boicote das lojas muçulmanas ou reclamam leis para limitar as conversões e os casamentos entre religiões para "proteger" o budismo.
Um monge de Mandalay acusou as mesquitas da cidade de terem iniciado uma "jihad" com centenas de pessoas que teriam recebido "treinamento militar". Em uma mensagem de rádio, o presidente birmanês Thein Sein pediu o fim do ódio religioso.
"Nosso país é multirracial e multirreligioso, o processo de reformas não terá sucesso até que se garanta a estabilidade por meio da cooperação de todos os cidadãos, vivendo em harmonia uns com os outros", disse. "Para que as reformas sejam um sucesso, quero pedir a todos que evitem provocação e os comportamentos que possam estimular o ódio entre nossos compatriotas", completou.