A revolta provocada pela morte de três adolescentes israelenses, supostamente assassinados por extremistas islâmicos do Hamas, motivou uma série de represálias contra palestinos, o que elevou a tensão na região. Muhammad Hussein Abu Khdeir, um jovem de 17 anos, foi sequestrado e morto, na manhã de ontem, no bairro de Shuafat, em Jerusalém Oriental ; região ocupada e anexada por Israel. O crime, uma aparente retaliação ao assassinato dos judeus, causou vários distúrbios. Jovens palestinos reunidos próximo à casa de Abu Khdeir enfrentaram as forças de segurança de Israel e arremessaram pedras e coquetéis molotov contra os policiais, que responderam com tiros de borracha, além de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito sonoro. No Facebook, uma campanha por vingança reuniu mais de 35 mil membros em dois dias e espalhou mensagens incentivando ataques contra palestinos. Nas ruas de Israel, árabes foram alvos de intimidações, enquanto grupos ameaçavam retaliar as mortes com as próprias mãos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Natanyahu, que prometeu forçar o Hamas a pagar pelas mortes, evitou relacionar o crime como um possível ato de vingança e exortou à população a respeitar as leis do país. Por meio de um comunicado, o gabinete do premiê ressaltou que Netanyahu conversou com o ministro de Segurança Pública, Yatzhak Aharonovitch, e ;pediu para que as forças de segurança trabalhem o mais rápido possível para investigar quem está por trás do condenável assassinato (do palestino) e o que o motivou;.
O corpo de Abu Khdeir foi encontrado em uma floresta próxima a Jerusalém após o jovem ser visto sendo forçado a entrar em um carro preto que rondava a região. Familiares levaram à polícia imagens de celular que mostram o momento da abordagem, supostamente feita por dois homens. O corpo, com marcas de agressão e carbonizado, precisou ser submetido por exames de DNA para confirmar a identidade do garoto. Familiares dos três israelenses assassinados no último mês condenaram o crime e destacaram que ;o sangue não entende de cores;. Em comunicado, as famílias ressaltaram que ;um assassinato é um assassinato, independentemente de nacionalidade ou idade, e não tem justificativa alguma;.
A ativista palestina Amany Khalifa, 28, contou ao Correio que os distúrbios em Shuafat começaram por volta das 7h (1h em Brasília), logo após o jovem ser raptado. ;Cheguei ao local dos protestos às 13h30 (7h30 em Brasília). Presenciei a resistência popular, algo que me lembrava os dias de intifada. A fúria nas ruas palestinas de Jerusalém. Jovens lançavam pedras e combatiam, sem medo. Um motivo de orgulho;, comentou. Vizinho da família de Abu Khder, o empresário Ziyad Yousef, 30, conhecia o tio do adolescente assassinado. ;A morte dele não me surpreendeu, ante a incitação do establishment político israelense contra os palestinos. Isso tem sido manifestado na punição coletiva aplicada nas últimas semanas;, opinou, em entrevista pela internet. Ele descarta um ciclo de vingança pelos assassinatos de três jovens israelenses e do palestino. ;Há uma ocupação de Israel contra um povo indefeso. Israel viola nossos direitos diariamente;, disse.
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