Quando bebê, Hessy Taft teve a foto do seu rosto espalhado por toda a Alemanha Nazista como o exemplo da criança ariana perfeita. Porém, quase 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, ela contou ao jornal alemão Bild que é judia -- mesmo tendo sido usada como expoente do anti-semitismo durante o conflito. Escolhida pelo próprio Joseph Goebbels, ministro de propaganda do III Reich, Taft hoje tem 80 anos e é professora de química em Nova York, nos EUA. De acordo com sua entrevista ao jornal, sua mãe, Pauline Levinson, a levou para ser fotografada por um famoso fotógrafo de Berlim, Hans Ballin, em 1935.
Meses depois da sessão de fotos, sem qualquer pedido à família, Levinson viu o rosto de sua filha na capa da revista "Sonne ins Haus", uma das publicações alemãs mais famosas da época, editada por um amigo do líder nazista Hermann Goering. Taft garantiu que sua mãe havia dito que a família era judia. Mesmo assim, Hans Ballin apresentou a imagem à Goebbels. "Eu queria fazer os nazistas de ridículos", teria dito Ballin. Depois disso, a criança foi mantida escondida, pelo temor da família de que ela pudesse ser reconhecida.
Os pais de Taft foram ameaçados pela Gestapo -- a polícia secreta do estado nazista --, forçando-os a se mudarem primeiro para Letônia, depois para Paris, Cuba e, finalmente, EUA. Hessy Taft doou uma cópia da revista para o Yad Vashem -- o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto. A químida disse ao jornal Bild: "Eu me sinto um pouco vingada. Posso rir disso agora. Mas, se os nazistas soubessem quem eu realmente era, eu poderia não estar viva hoje."