Cartagena - Os líderes da "Terceira Via" manifestaram nesta terça-feira seu apoio ao processo de paz na Colômbia, durante a reunião do grupo na cidade caribenha de Cartagena, onde destacaram que a justiça social é a chave para o sucesso do pós-conflito.
O encontro, presidido pelo líder colombiano, Juan Manuel Santos, contou com a participação do ex-presidente do governo espanhol, Felipe González, dos ex-presidentes do Chile, Ricardo Lagos, Brasil, Fernando Henrique Cardoso, Estados Unidos, Bill Clinton, e do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Em um comunicado conjunto, Blair, Clinton, FHC, González e Lagos felicitaram as delegações do governo e da guerrilha colombiana das Farc pelos "importantes acordos obtidos em Havana e pela seriedade com que conduziram as conversações".
Segundo o grupo, "um acordo final" entre o governo e a guerrilha "abrirá as portas para a adoção de importantes reformas (...) e colocará a Colômbia com mais força no caminho da modernização com justiça social".
Os líderes da "Terceira Via" convocaram os países americanos a seguir apoiando o processo de paz colombiano, cujo sucesso resultará "em uma maior integração do continente" e "será uma contribuição muito significativa à paz e à segurança internacional".
Santos pediu aos seus colegas que "ajudem com suas luzes e com sua experiência a orientar o processo de paz" colombiano.
"Com paz podemos levar a Terceira Via aqui na Colômbia ao seu potencial máximo", afirmou o presidente, destacando o lema que descreve este caminho alternativo ao liberalismo e ao comunismo: "O mercado até onde for possível, o Estado até onde for necessário".
"A Terceira Via aplicada aqui na Colômbia nos permitiu ter um modelo econômico não apenas bem-sucedido, mas também mais igualitário, e o conquistamos apesar de um conflito interno que nos atingiu em mais de meio século. Imaginem quanto mais podemos conquistar se tirarmos este obstáculo do caminho", disse Santos.
O governo de Santos, que foi reeleito há pouco mais de duas semanas para o período 2014-2018, realiza desde novembro de 2012 diálogos de paz com a principal guerrilha do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas), e também anunciou diálogos exploratórios com o segundo grupo rebelde: o Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista).
O presidente colombiano, que em 1999 escreveu junto a Blair o livro "A Terceira Via: uma alternativa para a Colômbia", destacou a importância desta cúpula para o processo de paz colombiano tendo em vista - por exemplo - a experiência do ex-primeiro-ministro britânico com o IRA na Irlanda do Norte ou de Clinton com as aproximações entre Israel e Palestina.
"A Terceira Via não considera o Estado e o setor privado como setores antagônicos, mas os encara como aliados que podem se ajudar mutuamente".