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Sérvios ignoram as cerimônias oficiais do centenário da I Guerra Mundial

Já na Bósnia, a data é lembrada com homenagens a Gavrilo Princip

Visegrad - Os sérvios receberam com indiferença neste sábado (28) as cerimônias oficiais em memória ao atentado de Sarajevo, que mergulhou a Europa na I Guerra Mundial há um século, enquanto na Bósnia o assassino do arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria, Gavrilo Princip, foi homenageado como herói.

Os líderes sérvios da Bósnia e da Sérvia se reuniram em Visegrad, no leste da Bósnia, para prestar homenagem a Gavrilo Princip, que eles consideram um "herói". Centenas de pessoas se reuniram na manhã deste sábado em Andricgrad, a cidade neomedieval que o cineasta sérvio Emir Kusturica fez construir no coração de Visegrad em homenagem ao prêmio Nobel de Literatura, o iugoslavo Ivo Andric.

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"Viemos prestar homenagem a um personagem importante da história do século passado, Gavrilo Princip. As divisões são lamentáveis, mas é muito mais lamentável tentar modificar os fatos", declarou Ljubisa Simonovic, de 58 anos, que veio da Sérvia para assistir às cerimônias, lideradas pelo presidente da entidade sérvia da Bósnia, Milorad Dodik.

A "rua" principal de Andricgrad foi batizada de Mlada Bosna (Jovem Bósnia), o nome da organização que promoveu o atentado contra Francisco Ferdinando e onde predomina um grande mosaico que representa em tamanho real os autores do ataque, com Gavrilo Princip à frente.

Desde o anúncio, há dois anos, das cerimônias europeias em Sarajevo, uma cidade de maioria muçulmana, os sérvios se recusam a participar nos eventos, denunciando uma abordagem "revisionista" da história que qualifica Princip como "terrorista" e que responsabiliza os sérvios pela guerra.