Ramallah - Mais de 70 presos palestinos suspenderam uma greve de fome que haviam iniciado há dois meses contra a detenção sem julgamento em Israel, depois de chegar a um acordo com a administração penitenciária israelense. Entre 70 e 90 detidos - 75 dos quais foram hospitalizados, segundo a administração penitenciária - participaram deste movimento lançado no dia 24 de abril.
"Os grevistas, que alcançaram um acordo com as autoridades penitenciárias israelenses, decidiram suspender sua ação com a aproximação do Ramadã", indicou à AFP um de seus advogados, Achraf Abu Snena. O ministro palestino a cargo dos Prisioneiros, Shauqi al-Isa, afirmou em uma coletiva de imprensa que o comitê que representa os detidos decidiu "suspender a greve depois de satisfazer parte de suas reivindicações". Os detalhes do acordo serão comunicados na quinta-feira, acrescentou.
"Não estamos falando de uma grande vitória ou de um sucesso estrondoso, mas os presos conquistaram avanços, colocando em evidência o tema da detenção administrativa, que viola todas as leis e acordos internacionais", afirmou o presidente do Clube de Presos, Qadura Fares. A porta-voz da administração penitenciária israelense, Sivan Weizman, confirmou à AFP que o movimento de greve foi suspenso.
Segundo ela, um "acordo de alcance limitado entre os detidos grevistas e a administração penitenciária permitiu suspender o movimento". A greve de fome havia sido decretada para protestar contra detenções administrativas que permitem manter presos palestinos sem julgamento. Esta medida repressiva é uma prática herdada do mandato britânico na região que permite deter uma pessoa sem que ela tenha sido acusada ou julgada, em virtude de ordens militares renováveis de forma indefinida.
Organizações de defesa dos direitos humanos denunciam estas detenções e a Autoridade Palestina convoca a comunidade internacional a pressionar Israel para que suspenda este tipo de medida repressiva. Segundo estatísticas israelenses, 200 dos mais de 5.000 presos palestinos estão em detenção administrativa. Já as organizações que apoiam os presos palestinos afirmam que os detidos administrativos são 340 de um total de 5.600, após a prisão de 140 pessoas consecutiva ao sequestro de três jovens israelenses no território palestino da Cisjordânia, ocupado pelo Estado de Israel.