Cidade do Vaticano - O Vaticano denunciou nesta terça-feira (24/6) o aumento nos casos de tráfico de órgãos, geralmente envolvendo jovens imigrantes, em texto publicado no jornal oficial da Santa Sé. Em seu editorial, o "L;Osservatore Romano" reconheceu que, em muitos países desenvolvidos, "um grande número de pessoas salvam suas vidas" graças ao tráfico de órgãos, de tecidos, ou de seus componentes, de menores de idade sem documentos.
A divisa entre México e Estados Unidos foi citada como exemplo de um local onde o crime é praticado. De acordo com a autora do artigo, Lucetta Scaraffia, outro problema é que mulheres alugam seu útero para casais com problemas de esterilidade, prática conhecida como "barriga de aluguel".
"Em parte pelo envelhecimento da população, ou porque a solução médica é autorizada, o pedido de órgãos está aumentando consideravelmente nos países ocidentais, enquanto o número de doadores está caindo", escreveu. É um crime organizado, mas relativamente novo, devido ao desenvolvimento das técnicas de transplante nos últimos 30 anos. Hoje, a demanda por essa prática é muito maior do que a oferta.
As únicas instituições autorizadas a receber e distribuir órgãos e tecidos humanos são os bancos de órgãos, que dependem em sua totalidade de doação, segundo as leis que regulam a situação na maioria dos países. A venda é proibida, mas o termo "doação" compreende a extração voluntária de um órgão de uma pessoa viva, ou de uma pessoa morta, mediante autorização dos descendentes.
Há o temor de que muitas jovens sejam sequestrados para esse fim. Em junho, a organização humanitária Save The Children denunciou que um terço dos menores que chegam ilegalmente à Itália pelo Mar Mediterrâneo desaparece, sem que seu paradeiro seja conhecido. O papa Francisco denunciou recentemente esse tráfico e fez um apelo à sociedade para que se mobilize contra esse fenômeno.