Dezessete membros da minoria peul muçulmana centro-africana morreram na segunda-feira (23/6) em um ataque de milicianos cristãos antibalaka contra um acampamento perto de Bambari (centro do país), anunciou nesta terça-feira uma fonte da Força da União Africana (MISCA) no país.
"Dezessete pessoas, todas integrantes da minoria peul, morreram na segunda-feira em uma ação de jovens armados que se declaram antibalaka, durante um ataque contra um acampamento. Alguns corpos foram mutilados e queimados pelos criminosos", declarou a fonte da MISCA em Bangui.
De acordo com a mesma fonte, o ataque provocou atos de represália de combatentes da ex-rebelião Seleka, de maioria muçulmana, na cidade de Bambari.
"O ataque provocou atos de violência no centro de Bambari, onde foram ouvidos disparos em alguns bairros, que deixaram mortos e feridos e provocaram a fuga de ao menos 6.000 pessoas ao bispado, à catedral San José, entre outros", explicou.
Ao meio-dia desta terça-feira não havia nenhum balanço disponível sobre o número de vítimas das represálias.
Soldados franceses da operação Sangaris se mobilizaram para diminuir a tensão em Bamabri, cidade na qual a ex-rebelião Seleka instalou sua base desde que deixou em janeiro de 2014 a capital, Bangui, expulsa pelos militares franceses e africanos.
Representantes dos antibalaka em Bangui negaram à AFP que seus milicianos fossem responsáveis por estes novos atos de violência, embora tenham admitido que "jovens incontrolados atuam por conta própria por motivos não confessados e multiplicam este tipo de atos na região".
"Os antibalaka não vão cometer tais atos agora que os líderes antibalaka e ex-Seleka estabeleceram contato com a perspectiva de uma dinâmica de paz e de reconciliação", afirmou um porta-voz dos antibalaka, Brice-Emotion Namsio.
Desde a deposição, em março de 2013, do presidente François Bozizé pelo Seleka, a República Centro-Africana vive uma crise sem precedentes. Os ataques de grupos armados contra civis deixaram milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.