Jornal Correio Braziliense

Mundo

Presidente argentina pede negociação 'justa' aos EUA no litígio com fundos

Cristina Kirchner fez a declaração em um ato público pelo Dia da Bandeira na cidade de Rosário, ao norte de Buenos Aires

Buenos Aires - A presidente argentina, Cristina Kirchner, solicitou nesta sexta-feira à justiça dos Estados Unidos condições de negociação "justas" no litígio de seu país com os fundos especulativos pela dívida em default. "Temos o dever e o direito de ser parte de uma negociação justa e equitativa e que nos garantam a possibilidade de negociar", disse Kirchner em um ato público pelo Dia da Bandeira na cidade de Rosário, 300 km ao norte de Buenos Aires.



"Não posso acreditar que a legislação de algum país do mundo diga que se deve prejudicar 92,4% para salvar 1%. Não há ordenamento jurídico que possa justificar isso", desabafou em uma crítica à decisão. Na quarta-feira, o juiz Griesa, que em 2012 decidiu a favor dos fundos que compraram os títulos podres argentinos e rejeitaram a negociação, expressou sua desconfiança de que o governo argentino honre seus compromissos da dívida.

"Aqui o que sobra é boa fé, e temos demonstrado isso cuidando das nossas dívidas", disse Kirchner ao recordar que a Argentina tem cumprido no tempo e na forma previstos os pagamentos acordados. A Argentina busca uma saída antes do dia 30 de junho, data em que deve pagar 900 milhões de dólares para 93% de seus credores, mas a decisão de Griesa estabelece o pagamento simultâneo aos fundos em litígio que representam 1% dos credores, enquanto os 7% ainda seguem sem acordo.

O governo argentino disse na quinta-feira que seria "impossível" fazer o pagamento em Nova York, após a medida cautelar que confirmou a sentença do juiz nova-iorquino depois de a apelação argentina ter sido negada pela Suprema Corte dos Estados Unidos. "Somos pessoas capazes de sentar para negociar e chegar a um acordo. Durante muito tempo nos acusaram de não pagar nada, mas negociamos em 2005, em 2010, com o Clube de Paris e com o Ciadi. Então, quem não quer negociar?", perguntou Kichner.

A presidente fez referência a recentes acordos com o Clube de Paris para a saldar a dívida de 9,7 bilhões de dólares e com a companhia de petróleo espanhola Repsol, que retirou suas demandas milionárias no Ciadi (tribunal de solução de controvérsias do Banco Mundial), depois do conflito desencadeado pela nacionalização da YPF, que era controlada pela empresa espanhola. Como indenização, o governo argentino pagou 5 bilhões de dólares em títulos à Repsol.