Beirute - Pelo menos seis pessoas morreram na explosão de um carro-bomba nesta quinta-feira (19/06) na cidade síria de Homs, enquanto a aviação do regime atacava um reduto rebelde perto de Damasco, de acordo com uma ONG.
O atentado, o segundo em menos de uma semana na cidade do centro do país, ocorreu no bairro de Akrameh, de maioria alauíta, corrente religiosa do presidente Bashar al-Assad.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o registro de mortes pode aumentar em razão de ferimentos graves causados em nove pessoas.
A televisão estatal indicou em um primeiro registro as mortes de três pessoas e nove feridos em um "ataque terrorista".
O regime retomou em maio o controle quase total de Homs, depois da retirada dos rebeldes da Cidade Velha.
Mais ao sul, perto de Damasco, a aviação síria atacou Mleiha, um reduto rebelde que as forças do regime tentam retomar, indicou o OSDH.
Os aviões do regime efetuaram 25 ataques aéreos, além de disparos de mísseis terra-terra. Combates entre as tropas sírias, ajudadas por combatentes do Hezbollah libanês, e os rebeldes jihadistas da Frente Al-Nosra, também foram travados na região de Mleiha, acrescentou a ONG.
O regime sírio faz há mais de dois meses uma ofensiva para retomar Mleiha, estrategicamente situada perto da estrada que leva ao aeroporto, na região rebelde de Ghouta Oriental, a leste da capital.
- Água cortada em Damasco -
No sul de Damasco, moradores do bairro rebelde de Al-Hajar al-Aswad acusaram o governo de ter cortado a água há mais de duas semanas.
"Cerca de 20.000 pessoas vivem aqui, principalmente mulheres e crianças. O regime quer pressionar os civis para que os rebeldes assinem uma trégua com o Exército", afirmou à AFP o militante Rami al-Sayed. "As pessoas sofrem com inflamações e doenças no sistema digestivo porque bebem água contaminada".
Organizações dos direitos humanos acusaram as partes envolvidas em combates na Síria, principalmente o regime, de organizarem cercos como arma de guerra neste conflito que deixou mais de 162.000 mortos e milhões de deslocados desde março de 2011.
Em outra frente, na província de Deir-Ezzor (leste), um grupo armado ligado aos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) sequestrou dois comandantes rebeldes, de acordo com o OSDH.
Desde janeiro, os antes aliados no combate ao regime de Bashar al-Assad se tornaram inimigos. Os rebeldes moderados e os islamitas da Frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda, lutam contra o EIIL, acusado de querer conquistar a hegemonia e de agir com brutalidade.
A Human Rights Watch denunciou abusos nas regiões majoritariamente curdas da Síria, de onde o Exército se retirou, denunciando prisões arbitrárias feitas pelo partido curdo União Democrática e o uso de crianças na polícia e em seu braço armado.