Moscou - Após o fracasso das negociações, a Rússia cumpriu nesta segunda-feira (16/6) a ameaça de cortar o fornecimento de gás para a Ucrânia, o que pode afetar o abastecimento da Europa e agravar o pior conflito entre Moscou e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria. O governo pró-Ocidente ucraniano tinha a esperança de encontrar uma solução de última hora no domingo à tarde em Kiev para solucionar a divergência com Moscou, enquanto o leste do país é cenário de um violento conflito entre militares e insurgentes pró-Rússia.
A Gazprom anunciou que apresentou uma denúncia contra a Naftogaz Ucrânia ao tribunal de arbitragem internacional de Estocolmo para reclamar o pagamento de uma dívida que alcança 4,5 bilhões de dólares. Desta maneira se antecipou a Naftogaz, que anunciou pouco depois que recorreu ao mesmo tribunal contra a Gazprom pelo pagamento indevido de seis bilhões de dólares em 2010, além de ter solicitado um "preço justo" para futuros contratos de fornecimento de gás russo. Kiev não aceitou o aumento de preço imposto por Moscou após a chegada ao poder de autoridades pró-Ocidente, depois da queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch.
O preço subiu de 268 dólares por mil metros cúbicos para 485 dólares, um valor sem precedentes na Europa. Na "última oferta", Moscou apresentou a proposta de US$ 385. No domingo, nas últimas horas das negociações, as autoridades ucranianas e europeias ainda tinham esperanças de conseguir evitar a terceira ;guerra do gás;, após os conflitos de 2006 e 2009, que afetaram o fornecimento para a UE. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, denunciou no domingo o que chamou de "arrogância" de Kiev.
Conflitos em todas as frentes
Enquanto isso, no leste da Ucrânia, a situação com os separatistas pró-Moscou permanece tensa. O presidente pró-Ocidente ucraniano Petro Poroshenko prometeu uma "resposta adequada" aos separatistas depois que um avião do exército foi abatido em Lugansk e matou 49 pessoas, no ataque com o maior número de vítimas desde que a Ucrânia iniciou em abril uma operação militar contra os rebeldes.
Poroshenko convocou para esta segunda-feira o conselho de segurança nacional e de defesa para discutir a imposição da lei marcial no leste rebelde, segundo indicou o ministro ucraniano da Defesa, Mikhailo Koval. Ainda nesta segunda-feira os separatistas pró-russos ocuparam a sede do Banco Central em Donetsk, sem que as forças de segurança pudessem contê-los. "Iremos subordinar o Banco Central à República popular (autoproclamada) de Donetsk" explicou à AFP Olexandre Matiushin, um dos militantes armados em frente ao edifício.