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Militantes protestam contra chiqueiro em campo de concentração tcheco

No local, mais de 300 ciganos morreram em 1942-1943 durante a ocupação nazista

Praga - Militantes antirracistas de vários países europeus denunciaram neste fim de semana a existência de uma criação de porcos em um antigo campo de concentração em Lety, no sudeste da República Tcheca, onde mais de 300 ciganos morreram em 1942-1943 durante a ocupação nazista.

"Estamos aqui para restabelecer a dignidade das vítimas e de seus descendentes", afirmou em um comunicado recebido pela AFP Benjamin Abtan, presidente do Movimento Antirracista Europeu (EGAM).

Dezenas de membros de associações antirracistas viajaram a Lety na sexta-feira, à margem de uma reunião de quatro dias em Praga para preparar a 4; edição da "Roma Pride", uma marcha pela dignidade dos ciganos prevista para 5 de outubro em 15 países.

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Cerca de 1.300 homens, mulheres e crianças ciganas da região da Boêmia, então ocupada pelos nazistas, passaram entre agosto de 1942 e maio de 1943 pelo campo de Lety, situado a 75 km de Praga.

Para muitos deles foi a última etapa antes das câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau. Cerca de 330 ciganos, entre eles ao menos 241 crianças, morreram em Lety vítimas de tifo, de fome e das condições desumanas do acampamento.

No começo dos anos 1970, sob o regime comunista, foi construído no lugar do campo de Lety um curral industrial. Desde a queda do regime em 1989, os ciganos reclamam, em vão, para que se desative o chiqueiro, agora privatizado.

A empresa proprietária do local não se opõe à desativação, com a condição de que o Estado a compense com um novo centro. Os governos tchecos sucessivos tem postergado o assunto, sob o argumento de problemas financeiros.