Mossul - Centenas de jihadistas tomaram nesta terça-feira (10/6) o controle da província iraquiana de Nínive, que tem Mossul como capital, um golpe inédito contra um governo incapaz de frear os avanços rebeldes no país, que corre o risco de mergulhar novamente no caos. Diante desta nova vitória dos rebeldes sunitas que, segundo as autoridades, pertencem ao Estado Islâmico do Iraque em Levante (EIIL) e a outros grupos jihadistas, o governo xiita do primeiro-ministro Nuri al-Maliki decidiu armar os cidadãos prontos a combater os insurgentes.
Frente a esta ofensiva dos rebeldes, que também mataram 20 pessoas nesta terça-feira em um atentado em Baquba, perto de Bagdá, o governo de Maliki anunciou a criação de "uma célula de crise para supervisionar o voluntariado e distribuir armamento aos cidadãos voluntários" prontos para combates os insurgentes.
"O governo saúda a vontade dos cidadãos e membros das tribos de se apresentar voluntariamente e pegar em armas para defender a pátria e vencer o terrorismo", indicou o governo em um comunicado. Maliki também anunciou a decisão de "reestruturar e reorganizar" as forças de segurança e reformular os planos de crise. Além disso, pediu ao Parlamento que "anuncie o estado de emergência".
Ameaça perigosa
Para o analista político Aziz Jabr, "a queda de Nínive é uma perigosa ameaça para a segurança nacional do Iraque". Parece, segundo ele, que "as direções militares fugiram" das zonas de combate, "o que prova que elas foram infiltradas" pelos rebeldes. As províncias de Nínive e de Al-Anbar estão localizadas na fronteira porosa com a Síria, ao longo da qual gravita o EIIL que visa instalar um Estado islâmico.
O EIIL, auxiliado por tribos hostis ao governo, beneficiam do apoio da minoria sunita, que se sente marginalizada pelo poder dominado pelos xiitas. Este grupo jihadista, de acordo com uma fonte de segurança, obtém armas vindas da Síria, onde combate ao lado de outros grupos rebeldes contra o regime sírio, antes de voltar para o Iraque.