Londres - A atriz Angelina Jolie e o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, presidem a partir desta terça-feira (10/6) uma reunião internacional sem precedentes para tentar acabar com a violência sexual em tempos de guerra. A estrela de Hollywood, embaixadora da boa vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), afirmou na sexta-feira que este será um encontro "como nenhum outro".
Os números são aterrorizantes. Segundo a ONU, 36 mulheres e crianças são estupradas diariamente na RDC, onde mostram que mais de 200 mil mulheres foram vítimas de violência sexual desde 1998. Entre 250 mil e 500 mil mulheres foram violentadas no genocídio de Ruanda em 1994. Mais de 60 mil no conflito de Serra Leoa. E pelo menos 20 mil na guerra da Bósnia nos anos 1990.
Angelina Jolie e William Hague receberão na sexta-feira o secretário de Estado americano John Kerry, que trava contra este problema "um combate pessoal", segundo suas palavras. Kerry e Hague assinaram em fevereiro um artigo no qual afirmaram: "Vimos o horror. A questão agora é saber se podemos unir ações e energia para impedir".
"Muitos lugares que visitei como secretário de Estado ainda têm as cicatrizes de um tempo o qual o estupro foi usado como tática de opressão e intimidação", insistiu Kerry em um artigo publicado na segunda-feira no jornal britânico Evening Standard. Kerry afirmou que os estupros durante guerras devem ser considerados "um crime internacional maior e não apenas uma consequência inevitável de qualquer conflito".
Melhorar os sistemas judiciais, formar os militares e apoiar as vítimas são outros aspectos que serão abordados. Na quinta-feira acontecerá uma reunião dedicada exclusivamente ao sequestro de mais de 200 adolescentes nigerianas pelo grupo islamita Boko Haram. William Hague receberá o colega nigeriano e representantes dos países vizinhos - Camarões, Chade, Níger e Benin - para discutir os meios de derrotar a organização.