Jornal Correio Braziliense

Mundo

Com a abdicação do rei Juan Carlos,a república retorna ao debate na Espanha

Olhares se voltam para o futuro da venerável monarquia da Inglaterra, onde se aproxima a sucessão de Elizabeth II



[SAIBAMAIS]Na última segunda-feira, no calor das notícias da Espanha, o jornal britânico The Guardian colocou a questão para os leitores, numa enquete, e o resultado foi empate técnico: metade dos participantes defendeu que Elizabeth II deixe o trono. Charles, o primeiro na linha sucessória, está longe de ser um consenso entre os súditos. Há quem prefira que a coroa passe direto para William, filho do herdeiro com a falecida (e carismática) princesa Diana. Mas o trono não parece em questão.
Para o professor Ricardo Caldas, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), a monarquia britânica é um exemplo de regime político bem-sucedido. ;No Reino Unido, nem sequer se comenta sobre o estabelecimento de uma república. Os partidos aceitam a monarquia por causa da luta contra o nazismo, durante a Segunda Guerra Mundial;, explica. ;Eu morei lá e conheço o debate. Existe um grupo republicano, mas é pequeno. Além disso, os países europeus que abandonaram a monarquia se tornaram regimes totalitários, como a Grécia e a Itália;.

Caldas acredita que, devido aos problemas econômicos e sociais na Espanha, há espaço para debate sobre o modelo de governo. ;Por causa da crise, a família real tornou-se o bode expiatório. Em momentos como esse, qualquer fósforo riscado causa incêndio. Mas a monarquia europeia já sobreviveu a outros momentos difíceis, como a crise de 1929;, assinala. O cientista político suspeita de que um referendo no Reino Unido revele que apenas 15% da população é a favor da república. ;Na Espanha, em um cenário negativo, eu diria que 40%, no máximo, optariam pelo fim do atual regime;, conclui.
O professor compara a monarquia ibérica à Constituição do Brasil de 1988: ;Ambas significaram a retomada da democracia no país, cada qual em seu momento;, afirma Caldas, referindo-se ao fim do regime autoritário de Francisco Franco, em 1975, e da ditadura militar brasileira, em 1984.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique