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Jihadistas fazem estudantes reféns em meio à onda de violência no Iraque

Eles mataram os guardas e destruíram uma ponte que conduz ao estabelecimento

Ramadi - Jihadistas iraquianos tomaram como reféns durante horas estudantes de uma universidade perto de Bagdá, finalmente libertados pelas forças de segurança, em uma nova demonstração de força dos radicais, em meio a uma onda de violência que matou 83 pessoas neste sábado.

No norte do país, violentos confrontos entre "jihadistas" e forças de segurança deixaram 59 mortos na região de Mossul; e em Bagdá, uma série de atentados com explosivos matou 24 pessoas.

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O Iraque está afundado na pior onda de violência em anos. Os "jihadistas" lançaram sua maior operação até o momento em três províncias iraquianas, que deixou mais de 120 mortos nos últimos dias.

Em Ramadi, homens armados pertencentes ao grupo radical Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL) se apoderaram neste sábado da Universidade Anbar, na cidade de Ramadi, a oeste de Bagdá, depois de matar os seguranças e destruir uma ponte de acesos ao centro educacional, indicou a polícia.

As forças especiais iraquianas lançaram pouco depois um ataque para retomar o controle do campus, onde foram ouvidos diversos tiros, constatou um jornalista da AFP.

O vice-ministro do Interior, Adnan al-Assadi, indicou em um comunicado que as forças de segurança "libertaram todos os estudantes homens e mulheres detidos nos dormitórios da universidade".

Um porta-voz do ministério do Interior, o general de brigada Saad Maan, disse à AFP que todos os reféns foram libertados, mas não forneceu um número de vítimas.

Um jornalista da AFP viu as forças de segurança levando estudantes em prantos para longe dos dormitórios, mas indicou que os confrontos continuam.

A polícia indicou que o número de reféns no início do ataque era de 2.500, mas este número não pôde ser confirmado.

Antes da invasão do exército, uma das estudantes detidas explicou por telefone à AFP que os criminosos reuniram as mulheres e que o chefe dos insurgentes falou com elas.

"Daremos uma lição que vocês nunca vão se esquecer", afirmou o líder dos jihadistas, segundo a estudante.

A estudante também afirmou que o jihadista classificou a universidade de "bordel", onde as estudantes usavam maquiagem, ouviam música e se misturavam com os homens.

- Violentos confrontos em Mossul -

Na cidade de Mossul, no norte do país, o segundo dia de violentos confrontos entre jihadistas e forças de segurança deixou neste sábado 21 policiais e 38 insurgentes mortos, indicaram um responsável pela segurança e um funcionário do necrotério.

Os combates iniciados na sexta-feira nesta cidade do norte do Iraque prosseguiram durante a noite. Um duplo atentado suicida com bomba foi registrado no leste da cidade contra um grupo minoritário, enquanto os soldados mataram outros suicidas no sul.

Em Bagdá, ao menos 24 pessoas morreram em vários atentados com explosivos realizados contra bairros de maioria xiita neste sábado, segundo fontes médicas.

Seis ataques com carros-bomba e um com explosivos colocados à beira de uma estrada - em sete bairros diferentes de Bagdá, deixaram ainda 78 feridos, segundo as fontes.

Os ataques deste sábado ocorrem dois dias após uma ofensiva rebelde contra a cidade de Samarra, onde conseguiram se apoderar momentaneamente de alguns bairros.

A violência na província de Al-Anbar começou no fim de dezembro, quando as forças de segurança desmantelaram um acampamento de protestos antigovernamentais da minoria sunita perto de Ramadi.

Pouco depois, insurgentes e tribos hostis ao governo, dominado pelos xiitas, tomaram o controle de bairros de Ramadi e de toda Fallujah, situados respectivamente a 100 e 60 km de Bagdá, algo que não era visto desde os anos de insurreição que se seguiram à invasão americana de 2003.

As Nações Unidas indicaram na sexta-feira que o conflito em Al-Anbar deixou 480.000 deslocados.

A insegurança é um dos principais problemas do Iraque, onde a violência mata todos os dias em média 25 pessoas.

No total, mais de 4.300 pessoas morreram em ataques desde o início do ano, das quais mais de 900 em maio.

As autoridades atribuem esta espiral de violência a fatores externos, principalmente à guerra na vizinha Síria. Mas diplomatas e especialistas afirmam que se deve principalmente ao descontentamento da minoria sunita, que se considera marginalizada.