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Cuba espera ter remédio natural contra o câncer antes de 2 anos

Em testes pré-clínicos com ratos, a resposta "realmente impressionou, ou seja, houve reduções de 90% em questão de nove dias do tamanho do tumor"

Havana - Cuba espera desenvolver, antes de 2 anos, um novo remédio natural contra o câncer, que reduziria os tumores e ajudaria a evitá-los em pessoas com pré-disposição para a doença, anunciou nesta quinta-feira (5/6) o laboratório estatal Labiofam. Trata-se de uma solução de oito "peptídeos" (tipos de moléculas), extraídos de uma espécie de escorpião que, clonados mediante técnicas de engenharia genética, demonstraram uma eficácia "impressionante" em testes de laboratório, disse o presidente do Labiofam, José Fraga Castro.

Em testes pré-clínicos com ratos, a resposta "realmente impressionou, ou seja, houve reduções de 90% em questão de nove dias do tamanho do tumor", declarou Fraga à AFP. "Se nós conseguirmos desenvolver os testes clínicos entre o final e o começo do ano, poderíamos estar falando (...) de um ano e tanto, a possibilidade de dar este passo" e ter o medicamento aprovado para uso em massa, explicou.

"Fizemos esta avaliação pré-clínica repetidamente e os resultados se mantiveram, o que demonstra que o produto já é estável, que é um antitumoral altamente eficaz. Estamos na fase de escalada, para ir a um teste clínico posterior, com todos os testes que o processo tem", acrescentou. O Labiofam desenvolve outros medicamentos com veneno de escorpião, que melhoram a qualidade de vida do paciente com câncer, mas não revertem a doença.

O peptídeo natural já foi testado com bons resultados em humanos em casos de pacientes desenganados pelos médicos e com autorização pessoal e familiar, disse Fraga. "Do ponto de vista de produção, não há nenhum tipo de dificuldade, o tema está em que seja aprovado para uso pelos organismos de controle e regulação dos medicamentos humanos", acrescentou.

Colaboram no desenvolvimento do novo medicamento, que ainda não tem nome comercial, empresas da China e da Rússia, menos propensas a receber "pressões" de transnacionais farmacêuticas, uma vez que um medicamento contra o câncer seria concorrente da quimio e da radioterapia, tratamentos que geram ganhos "milionários", disse o funcionário.

Fraga falou com a AFP pouco antes de dar uma coletiva de imprensa para convocar o Congresso Labiofam-2014 de biotecnologia, que será realizado em setembro e que terá como tema central as pesquisas contra o câncer, assim como outros assuntos de saúde animal e vegetal. Cuba exporta várias vacinas e remédios desenvolvidos com biotecnologia, que rendem ao país 600 milhões de dólares anuais.