"Não é que a comunidade internacional esteja paralisada, na realidade é não quer nos ajudar", afirma.
Enquanto o exército leal a Assad recebe ajuda militar e financeira de Rússia e Irã, o apoio à rebelião de seus protetores catarianos, sauditas, turcos ou ocidentais é caótico.
Embora a oposição tenha conseguido controlar partes significativas do território sírio, no norte e no leste, a potência militar do regime é muito superior à dos rebeldes graças à aviação, aos reforços sírios e aos combatentes do Hezbollah libanês.
Sem solução política
Na sequência da Primavera Árabe, que acabou com regimes ditatoriais em países como Tunísia, Egito ou Líbia, na Síria surgiu em março de 2011 uma revolta pacífica que exigia reformas políticas. Mas a repressão implacável fez com que se transformasse em insurreição armada que se islamizou progressivamente e se tornou cada vez mais violenta.
O Ocidente, em particular os Estados Unidos, preferiu não fornecer ajuda militar por medo de que as armas caíssem nas mãos dos jihadistas estrangeiros para ajudar os rebeldes sírios, e que atualmente são muito influentes.
Para Samir Nashar, adversário há tempos da família Assad e membro do Conselho da Oposição, o medo do Ocidente contribuiu para o fortalecimento da oposição.
"O Ocidente parece mais interessado em administrar o conflito que em ajudar a oposição", afirma o opositor a partir da Turquia, que conversou com a AFP por telefone.
O especialista sobre a Síria Noah Bonsey, do International Crisis Group, compartilha a mesma opinião. "Os aliados ocidentais deram boas palavras suscitando as esperanças dos rebeldes, mas a ajuda material limitada que forneceram é insuficiente para reforçar os elementos moderados que apoiam".
Em terra, o regime registrou vários avanços nos últimos meses, à medida que a eleição se aproxima. Se vangloriou de expulsar os rebeldes da parte antiga de Homs e de ter rompido o cerco imposto pelos rebeldes à prisão de Aleppo.
Para os opositores, estes avanços são um sinal de que "não há absolutamente nenhuma solução política no horizonte", explica Nashar.
Representantes da oposição e do regime mantiveram pela primeira vez negociações infrutíferas no início do ano na Suíça sob a égide de Washington e de Moscou.
A oposição quer que Assad seja excluído de qualquer solução política, o que o regime rejeita, divergências que impediram uma solução política ao conflito que já deixou mais de 160.000 mortos.
A realização destas eleições, classificadas de farsa pela oposição, significa infelizmente que a guerra e o banho de sangue prosseguirão, resume o militante de Homs.