"Vamos bem, mas há um longo caminho a percorrer", resumiu Jardin.
Enquanto isso, "a cada ano perdemos um caixão", lembrou Frédéric Sommier, diretor do Museu de Arromanches. Restam uns 20 destes pedaços de dique artificial, denominado Phoenix, dos 115 que havia a princípio.
"Se não fizermos nada, em dez anos não haverá mais nada", prevê Jardin, destacando que além do financiamento (de dezenas de milhões de euros), falta resolver as modalidades técnicas do reforço.
- 200 vestígios do "Dia D" -
Segundo os historiadores, o porto artificial de Arromanches desempenhou um papel menos importante do que estava previsto no verão de 1944 - muito material foi desembarcado diretamente nas praias -, mas não deixa de ser uma proeza tecnológica.
Foram usados 250 rebocadores para transportar os caixões que formavam um dique de 8km para delimitar um porto de 500 hectares - uns 1.000 campos de futebol-, segundo o museu do Desembarque de Arromanches. Sua fabricação mobilizou 45.000 pessoas na Inglaterra.
Estes caixões são uma lembrança da aproximação no horizonte de 5.000 barcos, a maior Armada de todos os tempos, que os alemães demoraram a perceber nas costas normandas em 6 de junho de 1944.
Com os anos, a candidatura à Unesco foi sendo detalhada. Agora, inclui os cerca de 400 destroços de guerra (barcos, tanques, 4x4, pedaços de estrada flutuante) que jazem entre Ouistreham e Saint-Vasta-la-Hougue, segundo contagem feita no ano passado por uma equipe da emissora francesa TV5, em colaboração com o departamento de pesquisas arqueológicas submarinas.
Segundo o caçador de destroços de embarcações Bertrand Sciboz, especialista marítimo que trabalhou com a Marinha americana e cujos mapas de naufrágios são, há tempos, uma referência absoluta para os pescadores normandos, 200 destes restos são do "Dia D".
Os destroços, mencionados pelo Congresso em sua resolução, têm muito valor para os ex-combatentes e seus familiares.
Em 2004, foram organizadas centenas de cerimônias no mar sobre estas relíquias e alguns sobreviventes do Desembarque, falecidos depois nos Estados Unidos, pediram que suas cinzas fossem dispersas ali, lembra Sciboz.
Mas, assim como os Phoenix, os destroços vão se deteriorando com os anos, como observam mergulhadores amadores da região.