Madri - Moderno e discreto, Felipe de Borbón, que reinará como Felipe VI, foi educado por toda a vida com o objetivo único de virar chefe de Estado, uma responsabilidade que assume agora, aos 46 anos, após a abdicação de seu pai, Juan Carlos I da Espanha. Nascido no dia 30 de janeiro de 1968 em Madri, desde muito pequeno tanto o rei Juan Carlos quanto sua esposa, a rainha Sofía, o educaram para ocupar o trono um dia.
A união também serviu para terminar com os constantes rumores amorosos de um dos solteiros mais cobiçados da Europa. Atraente e poderoso, Felipe de Borbón se relacionou com a nobre Isabel Sartorius, com a estudante americana Gigi Howard e com a modelo norueguesa Eva Sannum. Afirmam na Espanha que, após os nascimentos das infantas Elena, em 1963, e Cristina, em 1965, o rei Juan Carlos perdeu a consciência durante alguns instantes de alegria ao comprovar que seu terceiro filho era um homem, e que tinha, portanto, um sucessor ao trono.
[SAIBAMAIS]Aprendendo a ser rei
Em 1977, com nove anos, um pequeno príncipe de cabelo louro fez seu primeiro discurso público diante das Cortes espanholas ao ser nomeado Príncipe das Astúrias e herdeiro da Coroa. Talvez a maior lição para ele tenha chegado quatro anos depois, quando, no dia 23 de fevereiro de 1981, assistiu junto ao rei à tentativa de golpe de Estado do tenente-coronel Antonio Tejero.
"O pai quis que ele estivesse no gabinete para que o observasse agir", relatou Sofía no livro "La reina", de Pilar Urbano. "Fez bem, porque quando você é um jovem de 12 anos, estas cenas, estas atitudes de firmeza do pai, esta luta para os espanhóis ganharem a liberdade e a democracia, tudo isso é gravado na consciência e é uma lição inesquecível", acrescentou.
Depois de estudar no Canadá entre 1985 e 1988, integrou as academias militares espanholas de Terra, Mar e Ar, seguidas por outros cinco anos na Universidade Autônoma de Madri, onde estudou Direito e matérias de Economia, e um mestrado de Relações Internacionais na Universidade de Georgetown, em Washington. Ao voltar à Espanha, começou a intensificar sua presença em atos oficiais, especialmente no exterior graças ao seu bom domínio do inglês.
Também fala com fluencia o catalão, uma virtude especialmente apreciada na Catalunha, grande região do nordeste da Espanha com uma identidade marcada e pretensões de independência reforçadas pela crise econômica, o que provocou tensões com Madri. Desde 1996 era o representante espanhol nas cerimônias de posse dos presidentes latino-americanos, ao mesmo tempo em que concedia audiências e presidia a Fundação Príncipe das Astúrias, que concede anualmente os prêmios de mesmo nome.
Depois, as diversas cirurgias do rei desde 2010 levaram o príncipe a assumir seu papel em diversos atos oficiais. Piloto de helicóptero e jogador de futebol amador, o futuro Felipe VI é um grande fã do esporte, como marca a tradição familiar. Participou inclusive dos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992 com a equipe de vela e foi porta-bandeira da Espanha na cerimônia de abertura.