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Ucrânia acusa Rússia de minar a legitimidade do presidente eleito

Kiev - A Ucrânia acusou neste sábado (31/5) a Rússia de lançar uma campanha de propaganda internacional para justificar sua "agressão" no leste do país e para convencer as potências ocidentais a não reconhecer o vencedor da eleição presidencial, o oligarca pró-ocidental Petro Poroshenko.

Após os violentos combates no início desta semana no aeroporto internacional de Donetsk, os confrontos multiplicaram-se entre rebeldes pró-russos e as forças leais a Kiev no leste do país, onde duas equipes de observadores internacionais da OSCE ainda estão desaparecidas.

Moscou denuncia uma "operação punitiva" de Kiev e apela para o fim da operação militar lançada pela Ucrânia em 13 de abril, a fim de iniciar um diálogo com os separatistas.

"O Kremlin continua a fazer declarações baseadas na emoção e inventar informações a fim de apoiar a agressão russa", denunciou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrei Deshchitsia.

Esta "enorme campanha de informação" é "a última oportunidade para a Rússia tentar influenciar a opinião pública internacional", disse o chanceler, em um artigo publicado no jornal de língua inglesa Kyiv Post.

O presidente russo, Vladimir Putin, reiterou nos últimos dias seu apelo aos líderes ocidentais para exortar Kiev a parar sua ofensiva no leste.

Para o ministro ucraniano, a Rússia tenta, desta forma, minar a legitimidade de Petro Poroshenko, eleito no primeiro turno da eleição presidencial de 25 de maio.

O oligarca pró-ocidental, apelidado de o "rei do chocolate", se reunirá na quarta-feira com o presidente dos Estados Unidos Barack Obama na Polônia, antes de participar nas cerimônias de comemoração do Desembarque na Normandia, em 6 de junho.

Moscou também acusou na sexta-feira o Exército ucraniano de violar a Convenção de Genebra de 1949 sobre a proteção dos civis, ao utilizar de forma "voluntária" recursos militares para "matar civis", e propôs fornecer "ajuda humanitária" aos separatistas do leste.

Confrontos esporádicos


"Fornecer armas de um lado e medicamentos do outro é, no mínimo, contraditório", considerou o chefe da diplomacia ucraniana.

Embora a Otan tenha confirmado que a Rússia retirou dois terços de seus soldados estacionados na fronteira com a Ucrânia, Kiev ainda denuncia a presença de cidadãos russos entre os rebeldes.

Washington também expressou sua preocupação com a chegada de homens armados a partir da república russa da Chechênia.

Os separatista pró-russos reconheceram que a maioria das 40 vítimas dos combates no aeroporto de Donetsk eram de nacionalidade russa.

No "front do leste", Kiev assegura ter ganhado terreno frente aos separatistas com sua ofensiva, que deixou mais de 200 mortos, entre soldados, separatistas e civis, desde meados de abril.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), por sua vez, indicou esta semana que perdeu contato com duas de suas equipes nesta região. Uma delas desapareceu na segunda-feira em Donetsk, enquanto a outra está desaparecida desde quinta-feira na região de Lugansk.

Na madrugada deste sábado, confrontos esporádicos foram registrados na região.

Em Donetsk, os separatistas atacaram duas vezes, sem sucesso, os soldados ucranianos que guardavam o aeroporto da cidade, informou à AFP um porta-voz do Exército ucraniano.

Os guardas de fronteira informaram, por sua vez, que três pessoas ficaram feridas em um ataque pró-russo contra uma unidades ucraniana na região de Lugansk.

Em relação ao conflito do gás, Kiev deu um primeiro passo na sexta-feira para solucionar a questão do abastecimento de gás russo ao pagar parte de sua dívida com a empresa estatal russa Gazprom.

Bruxelas acolherá novas negociações na segunda-feira para evitar a interrupção do fornecimento de gás, o que também poderia afetar a Europa.
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