Jornal Correio Braziliense

Mundo

Marido de paquistanesa grávida apedrejada até a morte exige Justiça

A mulher foi atacada em frente ao tribunal de Lahore por mais de 12 pessoas, incluindo o pai e o irmão dela

Lahore - O marido da paquistanesa grávida que foi apedrejada até a morte por ter se casado contra a vontade da família prometeu nesta quarta-feira (28/5) que vai lutar para que se faça Justiça. Farzana Iqbal, de 25 anos, foi atacada em frente ao tribunal de Lahore por mais de 12 pessoas, incluindo seu pai e seu irmão, informou o investigador Rana Akhtar à AFP. Ela havia comparecido ao tribunal para defender seu marido contra as alegações, feitas por sua família, de que ele a havia sequestrado e obrigado a se casar com ele.

Segundo Akhtar, entre 28 e 30 pessoas atacaram a jovem. O viúvo, Muhammad Iqbal, de 45 anos, falando à AFP por telefone, afirmou que vai recorrer as autoridades em busca de Justiça. Disse ainda que ele e sua esposa eram ameaçados desde que se casaram. Iqbal contou ainda que ele e sua esposa sobreviveram a um ataque anterior durante sua primeira audiência no tribunal, em 12 de maio.



"A coisa mais dolorosa é que ninguém tentou salvar minha esposa. Havia dezenas de policiais e pessoas perto, mas eles assistiram a tudo como mero espectadores", queixou-se. O chefe da polícia Mushtaq Muhammed informou que o pai de Farzana foi detido, mas que outras cinco pessoas - dois irmãos e três primos - continuam foragidos.

Apesar do crime ter ocorrido em Lahore, uma das cidades mais liberais do país, a mídia do país mostrou-se apática, o que, segundo os ativistas dos direitos das mulheres, evidencia um crescimento do extremismo. Muitas mulheres paquistanesas não têm voz na decisão de seu casamento, já que acredita-se que desobedecer os desejos de seus parentes leva vergonha à família.

No ano passado, 869 mulheres morreram nos chamados "crimes de honra", de acordo cm uma Comissão de Direitos Humanos independente do Paquistão. "Estes crimes persistem devido à impunidade dos assassinos", declarou a Comissão em um relatório.