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Exército iraquiano bombardeia hospital com barris de explosivos

O ataque faz parte da luta do país contra os insurgentes que controlam a cidade de Fallujah, a oeste de Bagdá

Bagdá - O Exército iraquiano bombardeou zonas habitadas com barris de explosivos e atingiu um hospital em sua luta contra os insurgentes que controlam a cidade de Fallujah, a oeste de Bagdá, denunciou nesta terça-feira (27/5) a ONG Human Rights Watch.

[SAIBAMAIS]As acusações, que as autoridades iraquianas desmentem, ocorrem quando combatentes antigovernamentais controlam desde janeiro Fallujah, 60 km a oeste de Bagdá, sem que as forças de segurança consigam expulsá-las. Os insurgentes também se apoderaram no início deste ano de certos bairros de Ramadi, cidade 40 km mais a oeste. Esta é a primeira vez que cidades importantes estão fora de controle das autoridades desde a onda de violência iniciada após a invasão do Iraque por uma coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos, em 2003.



A ONG com sede em Nova York também indicou que as violações cometidas pelos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), um dos principais grupos ativos em Fallujah, podem ser consideradas crimes contra a humanidade. Procurado várias vezes pela AFP, o Exército não quis fazer comentários, mas a HRW indica em seu relatório que as Forças Armadas desmentiram ter direcionado seu ataque contra o principal hospital de Fallujah, e o porta-voz do primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, negou em um comunicado a utilização de barris de explosivos.

Citando testemunhas, vizinhos e um funcionário das forças de segurança, a HRW afirma que desde o início de maio as forças de segurança bombardearam com barris de explosivos setores habitados de Fallujah para tentar reconquistar a cidade. A ONG afirma que examinou vídeos e fotos que mostram restos de explosivos deste tipo.

Com base em testemunhos e fotos, a HRW também informou sobre "diversos bombardeios (...) que levam a pensar realmente que o hospital foi tomado como alvo". A situação na região provocou o deslocamento de milhares de pessoas das cidades de Ramadi e Fallujah. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) indicou na segunda-feira que água, alimentos e outros produtos de primeira necessidade se encontravam em quantidades muito limitadas.