Jornal Correio Braziliense

Mundo

Junta militar que assumiu o poder na Tailândia liberta ex-primeira-ministra

A libertação de Shinawatra ocorreu ao mesmo tempo em que um dos ministros do governo destituído foi detido



Esta medida aplica-se apenas aos deslocamentos mais longos e inclui uma interdição de deixar o território nacional sem autorização. Yingluck, destituída pela Justiça no início de maio, foi detida na sexta-feira junto com outras 250 personalidades. Entre eles, Chaturon Chaisong, ministro da Educação do governo destituído, que explicou nesta terça durante uma coletiva de imprensa ter se recusado a se apresentar à junta por razões de "consciência". "Não tenho nenhuma intenção de fugir, de resistir ou de esconder-me para combater. Estarei preparado para ser detido quando chegar o momento", afirmou, ao denunciar o golpe de Estado e pedir o retorno da democracia.

Poucos minutos depois, soldados levaram o ex-ministro diante de dezenas de câmeras. A junta destacou que, de acordo com a lei marcial, poderia deter sem acusações as pessoas que se apresentassem à convocação durante sete dias. As pessoas que não se apresentaram poderiam ser julgadas em uma corte marcial e condenadas a até dois anos de prisão, além de multa de 40 mil bahts (900 euros).

Manifestações contra o golpe

Enquanto várias manifestações contra o golpe de Estado são organizadas desde quinta-feira, apesar da proibição e ameaças do Exército, Chaturon também pediu para que seus compatriotas lutem, sem violência, pela democracia. "As pessoas que querem a democracia (...) devem fazer todos os esforços para tentar restaurar a democracia no país", mas devem "evitar o confronto e a violência", declarou. Cerca de 150 manifestantes se reuniram em Bangcoc nesta terça-feira, desafiando a proibição de protestos.

Desde o golpe de Estado denunciado pela comunidade internacional, a junta suspendeu a Constituição, concentrando todos os poderes nas mãos do chefe do Exército, o general Prayut Chan-O-Cha. Ela também impôs um toque de recolher e restrições à liberdade de imprensa. O novo regime recebeu na segunda-feira a aprovação do rei Bhumibol, de 86 anos, considerado por muitos tailandeses como um semideus e como o cimento de uma nação profundamente dividida.

O respaldo do monarca é tradicionalmente um procedimento chave para a legitimação dos recorrentes golpes militares no país: 19, entre os que tiveram sucesso e simples tentativas, desde 1932. O golpe contra Thaksin, em 2006, marcou o início de uma série de crises, opondo de um lado as massas desfavorecidas do norte e nordeste, fiéis ao bilionário, e do outro as elites de Bangcoc que gravitam ao redor do palácio real.

O movimento lançado no ano passado contra Yingluck e o "sistema Thaksin", que seus manifestantes associam à corrupção generalizada, foi apenas o último episódio da crise no país. Os protestos terminaram com a lei marcial declarada pelo Exército, dois dias antes do golpe.

Enquanto a crise política, que já matou 28 pessoas em sete meses, ameaça a imagem da Tailândia na cena internacional, o chefe da Força Aérea, agora ministro do Turismo, prometeu o retorno dos turistas estrangeiros. "O fato é que ainda vivemos felizes, mais felizes do que antes da lei marcial", disse o almirante Narong Pipatanasai.