Kiev - O presidente eleito da Ucrânia, o bilionário Petro Poroshenko, manterá a operação militar contra os separatistas para evitar uma nova "Somália" no leste do país, enquanto a Rússia manifestou que está "disposta a dialogar" com o novo chefe de Estado. A confirmação oficial de sua eleição ocorreu nesta segunda-feira (26/5) à tarde. O presidente da Comissão Eleitoral indicou que o candidato havia recebido 54% dos votos e que, por isso, não haverá segundo turno.
"Espero que a Rússia apoie meu ponto de vista", disse o político ucraniano, que recebeu 54% dos votos no primeiro turno presidencial, de acordo com resultados parciais. Em um gesto de apaziguamento, Poroshenko declarou que aceitaria "qualquer referendo" no leste que restabeleça a ordem.
[SAIBAMAIS]O quinto presidente eleito da Ucrânia anunciou ainda que sua primeira viagem ao exterior será, "muito provavelmente", para a Polônia, em 4 de junho, em ocasião do 25; aniversário da independência do país, onde deve se reunir com o presidente americano, Barack Obama. Durante a entrevista coletiva, o "rei do chocolate" informou que pretende manter o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk à frente do governo e manifestou seu desejo de que a Ucrânia integre a União Europeia.
Reação de Moscou
A Rússia está "disposta a dialogar" com o novo presidente ucraniano, afirmou o chanceler russo, Serguei Lavrov, que pediu a Kiev o fim da operação militar contra as forças separatistas pró-Moscou no leste da Ucrânia. "Estamos dispostos a dialogar com os representantes de Kiev, com Petro Poroshenko", declarou Lavrov.
"Estamos dispostos a iniciar um diálogo pragmático, em pé de igualdade, baseado no respeito a todos os acordos, em particular nas áreas comercial, econômica e de gás, com o objetivo de buscar soluções para os problemas atuais entre Rússia e Ucrânia", completou. O chefe da diplomacia russa não anunciou, no entanto, um reconhecimento formal da legitimidade do novo presidente ucraniano.
"Como disse o presidente (Vladimir Putin), respeitaremos o resultado decidido pelo povo ucraniano", se limitou a declarar. Para Kiev, a eleição de Poroshenko coroa o processo iniciado com a destituição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovytch, em fevereiro, após vários meses de protestos violentos. Mas a votação não aconteceu na maior parte do leste separatista do país.
Putin afirmou na semana passada que aceitaria "com respeito" o resultado da eleição na Ucrânia, mas sem pronunciar-se sobre a legitimidade da votação. Segundo Lavrov, "o mais importante é que as atuais autoridades (ucranianas) respeitem os cidadãos, o povo, e permitam alcançar compromissos que levem em consideração todas as forças políticas". Ele condenou a operação "antiterrorista" do governo ucraniano contra as forças pró-Rússia.
"Seria um erro colossal manter a operação", advertiu Lavrov, antes de pedir respeito ao plano da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE). O plano prevê o fim da violência e uma anistia aos opositores pró-Rússia, o desarmamento dos grupos considerados ilegais e retorno do monopólio da força ao Estado, a promoção do diálogo nacional e a organização da eleição presidencial, realizada no domingo.