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Papa conclui viagem à Terra Santa com apelo ao diálogo interreligioso

O pontífice visitou a Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do islamismo, e o Muro das Lamentações, um dos mais sagrados da religião judaica

Jerusalém - O papa Francisco pediu nesta segunda-feira (26/5) em Jerusalém o diálogo entre judeus, cristãos e muçulmanos, em seu último dia de visita à Terra Santa, uma peregrinação permeada por tensões políticas. Com uma agenda intensa e com grande carga simbólica, o pontífice visitou a Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do islamismo, e o Muro das Lamentações, um dos mais sagrados da religião judaica.



O papa visitou em seguida o Memorial de Yad Vashem, que recorda os seis milhões de vítimas do Holocausto cometido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. "Senhor, nosso Deus, salve-nos desta monstruosidade", disse, antes de beijar as mãos de seis sobreviventes do horror nazistas. Com o ritmo de uma oração, cercado pelas enormes pedras do imponente monumento, o pontífice condenou a "incomensurável" tragédia do holocausto.

O chefe da Igreja Católica também defendeu ante as autoridades israelense um livre acesso dos Locais Sagrados, ao mencionar um dos temas de divergência entre o Vaticano e Israel. Apesar das formalidades e cortesias com o pontífice, as autoridades israelenses aprovaram nesta segunda-feira a polêmica construção de 50 novas residências em um assentamento próximo a Belém. Uma resposta indireta à denúncia de domingo do líder palestino Mahmud Abbas ao papa sobre a operação para "mudar a identidade e o caráter" de Jerusalém Oriental.

A Cidade Antiga de Jerusalém, que contém monumentos sagrados para as três grandes religiões, fica na parte que a ONU não reconhece dentro dos limites de Israel. A visita papal terminou com uma missa no Cenáculo, onde segundo a tradição cristã aconteceu a Última Ceia de Jesus com os apóstolos, lugar que abriga também o túmulo do rei David, considerado sagrado pelos judeus. Durante esta missa privada, Francisco manteve seu habitual discurso carregado de emoção na presença dos líderes das dioceses e ordens religiosas da Terra Santa, aproveitando o momento para apresentar a ideia da família.

A Igreja deve ser uma "nova família", desejou, insistindo na "fraternidade" e "amizade". "O Cenáculo nos faz lembrar a partilha, a fraternidade, a harmonia, a paz entre nós. Muito amor, muita felicidade jorram do Cenáculo! Apenas caridade sai daqui, como um rio desde a sua nascente", disse o pontífice. "Todos os santos saíram daqui. O grande rio da santidade da Igreja sempre tem sua origem aqui, de novo e de novo, do Coração de Cristo, sa Eucaristia, de Seu Espírito Santo".

Francisco, que pronunciou 14 discursos e homilias em três dias, evitou de modo geral improvisar, o que é seu costume. O primeiro papa latino-americano, conhecido pelos gestos e propostas inovadoras, retornou a Roma com a promessa do presidente israelense Shimon Peres e do líder palestino Mahmud Abbas de uma reunião - provavelmente em 6 de junho - para orar pela paz no Oriente Médio sob a Cúpula de São Pedro.