Jornal Correio Braziliense

Mundo

Justiça argentina inicia novo julgamento sobre atentado à Amia

Carlos Telleldín é acusado de encher uma caminhonete com explosivos para detonar a sede da associação

Um juiz ordenou nesta quarta-feira (21/5) um novo julgamento oral do processo contra o argentino Carlos Telleldín, acusado de encher uma caminhonete com explosivos para detonar a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, em 1994. No atentado, 85 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas.

O advogado Carlos Telleldín, um ex-informante da polícia ligado a grupos de ultradireita, é acusado de homicídio doloso duplamente agravado, entre outros crimes, pelo ataque à Amia, informou a página da Justiça na Internet.

O juiz federal Rodolfo Canicoba Corral decidiu levar Telleldín a julgamento. O réu já havia sido julgado e absolvido em 2004 pelos mesmos crimes, mas o processo foi marcado por irregularidades e terminou com a exoneração do então juiz Juan Galeano.

Telleldín é julgado como integrante de uma conexão local do ataque atribuído pela Justiça argentina a ex-governantes iranianos, entre eles o ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi, o ex-presidente Ali Rafsanjani (1989-1997) e o ex-adido cultural iraniano na Argentina Moshen Rabbani.

De acordo com o juiz Canicoba Corral, há elementos suficientes que "convencem o representante do Ministério Público (promotor) sobre o conhecimento que Telleldín tinha do destino que a caminhonete em questão teria (...)".

Desde o início das investigações, Telleldín foi apontado como a pessoa que preparou e entregou o veículo-bomba, com o qual foi cometido o atentado contra a sede da Amia em 18 de julho de 1994.



Em 2009, a Justiça argentina também ordenou a reabertura de um julgamento contra Telleldín. Em 2004, ele havia sido absolvido, junto com 21 ex-policiais, em um julgamento oral por um tribunal que anulou o processo.

Por dez anos responsável pelo caso, Galeano foi acusado de graves irregularidades, afastado e destituído. Telleldín e cinco dos policiais ficaram dez anos presos, acusados de terem dado apoio logístico ao atentado.

Na semana passada, um tribunal de segunda instância se pronunciou pela inconstitucionalidade do memorando assinado pelo governo argentino com o Irã, em 2013, para criar uma Comissão da Verdade para investigar o atentado.

As associações judaicas se opõem ao acordo, alegando que Teerã nunca vai colaborar para que o caso seja resolvido. O governo argentino anunciou que apelará da decisão da Justiça.