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Ucrânia mobiliza forças de segurança para garantir eleições presidenciais

A campanha eleitoral, de uma votação muito esperada pelas autoridades de Kiev e pelos ocidentais, não desencadeou grande agitação

Kiev - As autoridades ucranianas mobilizarão mais de 75 mil homens para garantir a segurança durante as eleições presidenciais antecipadas de domingo (25/5), que os separatistas pró-russos prometem atrapalhar sob o olhar atento de Moscou, que recebeu novas ameaças de sanções por Washington. A quatro dias das eleições, a "frente do leste" ucraniana, onde os militares e os insurgentes armados pró-russos se enfrentam esporadicamente desde 13 de abril, vive momentos de relativa tranquilidade após a violência registrada no início da semana.

A campanha eleitoral, de uma votação muito esperada pelas autoridades de Kiev e pelos ocidentais, não desencadeou grande agitação. O grande favorito, com mais de 30% das intenções de voto, é o bilionário Petro Poroshenko, que resumiu em uma frase seu programa: "Colocar fim em três meses à crise com a Rússia".

[SAIBAMAIS]Aos 48 anos, o "rei do chocolate" - referência a sua fortuna conquistada com os chocolates Roshen - aparece com uma vantagem de 20 pontos para a ex-primeira-ministra e símbolo da Revolução Laranja Yulia Tymoshenko, que fracassou em seu retorno à política após ser libertada da prisão em fevereiro. "Eu conheço bem (o presidente russo) Vladimir Putin, tenho experiência em discutir com ele, é um negociador forte e difícil", declarou à AFP Poroshenko, considerando, no entanto, que um compromisso para acabar com a crise é possível.

A crise ucraniana, que teve início no final de 2013 com um movimento de contestação em Kiev contra a autoridade do ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovytch, seguida pela anexação da Crimeia à Rússia e ao surgimento de uma insurgência armada no leste, consagrou as ambições da Rússia no cenário internacional e abriu um período de confronto entre russos e ocidentais.

55 mil policiais e 20 mil voluntários

Nesta quarta-feira, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou em Bucareste que serão necessárias novas sanções contra a Rússia caso Moscou prejudique as eleições presidenciais previstas para domingo. "Se a Rússia perturbar as eleições na Ucrânia, devemos permanecer decididos a impor custos adicionais", assegurou Biden, que apelou a "todos os países a utilizar sua influência para promover um entorno estável para que os cidadãos ucranianos possam votar livremente".



Para garantir a segurança das eleições, Kiev mobilizará 55 mil policiais e 20 mil voluntários. "A ameaça de uma agressão da Rússia e as ações dos separatistas no leste" colocam a votação em risco, considerou uma autoridade do ministétio do Interior, Andri; Tchaliy. Os separatistas das regiões de Lugansk e de Donetsk prometeram, de fato, impedir a realização da consulta popular no leste do país, onde quase dois milhões de eleitores poderiam ter dificuldades para comparecer às urnas.

Moscou, acusado por Kiev e pelos ocidentais de apoiar os separatistas pró-russos, desmente qualquer apoio logístico a estes rebeldes armados e coloca em xeque a legitimidade de uma eleição presidencial realizada "no fragor das armas".

Retirada das tropas russas não confirmada

Nos últimos dias, houve uma confusão sobre a possível retirada das tropas russas mobilizadas desde março ao longo da fronteira com a Ucrânia. Os guardas de fronteira não constataram nenhuma nova movimentação do outro lado da fronteira com a Rússia, mas nem os Estados Unidos nem a Otan confirmaram a sua retirada total. Os Estados Unidos também enviaram o cruzador lança-mísseis "Vella Gulf" ao Mar Negro para apoiar os países da Europa oriental que integram a Otan, enquanto Moscou realizou um teste de míssil balístico de longo alcance perto de suas bases do Mar Cáspio.

Nesta quarta-feira, o governo ucraniano organizou uma terceira mesa redonda em Mykolai;v para o "diálogo nacional", que deveria atenuar a crise. Mas, até o momento, essas discussões, organizadas na ausência dos separatistas do leste, não deram resultado.Quanto a questão do gás e a ameaça potencial ao fornecimento para a Europa, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, chamou o presidente russo Vladimir Putin a respeitar seus "compromissos" de continuar a fornecer gás para a Europa.

Na semana passada, Vladimir Putin declarou que a Rússia não recebeu nenhuma "proposta concreta" da UE em matéria de pagamentos da Ucrânia para as entregas futuras de gás russo, e cobrou um envolvimento da UE "mais ativo". A Rússia ameaça suspender o fornecimento de gás à Ucrânia a partir de 3 de junho, se Kiev não pagar antecipadamente os 1,6 milhão de dólares pelas compras de junho. As autoridades ucranianas rejeitaram na terça-feira esta exigência imposta por Moscou.

Putin, por sua vez, assinou nesta quarta-feira em Xangai um mega-contrato de fornecimento de gás russo para a China, para mais de 30 anos, estimado em 400 bilhões de dólares. Ele deve entrar em vigor em 2018.