Cidade do Vaticano - A viagem do papa à Terra Santa será "estritamente religiosa", insistiu nesta quarta-feira (21/5) Francisco, afirmando querer "rezar pela paz", a poucos dias do início desta visita de três etapas, a Amã, capital da Jordânia; Belém, nos Territórios Palestinos; e Jerusalém, em Israel. "Será uma viagem estritamente religiosa, em primeiro lugar para um encontro com (o patriarca de Constantinopla) Bartolomeu: Pedro e André se reunirão novamente, e isso será belo", disse Francisco ao final de sua audiência geral na Praça São Pedro, em referência aos dois apóstolos de Jesus, representando a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental.
Perguntado sobre a divisão das visitas entre israelenses e palestinos, durante uma entrevista coletiva à imprensa em Jerusalém, o rabino afirmou que haverá "encontros significativos com o povo palestino". "Quando estiver em Israel, ele irá ao Monte Herzl para depositar um arranjo de flores, algo que me parece que seu antecessores não fizeram", ressaltou o rabino Skorka ao falar da parte israelense da viagem do pontífice.
A visita prevista para segunda-feira ao maior cemitério militar de Israel e local onde está enterrado o fundador do Sionismo, Theodor Herzl, foi fortemente criticada por Omar Barghuti, membro fundador do movimento BDS ("Boicote, Desinvestimento, Sanções") nos Territórios Palestinos, que pediu ao papa que "não manche sua visita com gestos como este". "O fato de depositar flores tem um grande significado", ressaltou, por sua vez, Oded Ben Hur, ex-embaixador de Israel no Vaticano, lembrando que em 1904 Herzl havia solicitado em vão "o apoio do papa Pio X ao retorno do judeus ao Sião", nome que a religião judaica dá à região de Jerusalém, em referência ao Monte Sião.
O rabino Skorka também condenou a hostilidade de alguns judeus radicais à visita do papa a Jerusalém, considerando que esta peregrinação tem como objetivo "pavimentar um caminho de paz e diálogo". Com a proximidade da chegada do papa, militantes judeus radicais se reuniram duas vezes perto do Cenáculo em Jerusalém, lugar da Última Ceia e que, para os judeus, abriga o túmulo do rei David. O objetivo das manifestações foi denunciar a celebração de uma missa do papa Francisco no local. O lugar sagrado para as três religiões monoteístas é atualmente objeto de negociações entre Israel e a Santa Sé, que, além de ter a propriedade, quer poder usufruir do local livremente.