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Futuro primeiro-ministro indiano, hindu Modi reza no rio Ganges

Esta cerimônia às margens do rio sagrado simboliza as raízes religiosas do líder nacionalista hindu, cuja personalidade e trajetória dividem profundamente o país

Agência France-Presse
postado em 17/05/2014 15:18
Modi, filho de um vendedor de chá, recebeu as felicitações de líderes internacionais após sua vitória e prometeu que a Índia, o segundo país mais populoso do mundo, se converterá em potência mundial
Nova Délhi
- O futuro primeiro-ministro indiano, o nacionalista hindu Narendra Modi, rezou e cumpriu uma série de rituais hinduístas com uma grande carga simbólica às margens do rio Ganges, depois de ser recebido triunfalmente em Nova Délhi por sua vitória eleitoral.

Esta cerimônia às margens do rio sagrado simboliza as raízes religiosas do líder nacionalista hindu, cuja personalidade e trajetória dividem profundamente o país.

Modi, que durante a campanha eleitoral evitou pronunciar um discurso de exclusão para a minorias religiosas, se comprometeu na sexta-feira a governar para os 1,2 bilhão de indianos, em suas primeiras palavras após a vitória de seu partido nas eleições legislativas.

A vitória do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP) preocupa as minorias religiosas, principalmente pelo papel do líder nacionalista hindu no conflito étnico de 2002, quando era presidente do Estado de Gujarat (oeste).


[SAIBAMAIS]Neste conflito mil pessoas morreram, em sua maioria muçulmanos, diante da aparente passividade da polícia.

Em Varanasi (Benares), cidade santa do hinduísmo, Modi participou dos rituais hinduístas cercado pelos principais líderes do BJP e por milhares de simpatizantes.

Enquanto a multidão entoava cantos de devoção, o líder hindu acendeu uma lâmpada a óleo e se sentou no centro de um tablado com flores às margens do Ganges, rio purificador para os hinduístas.

"A mãe Ganges decidiu meu destino. Trabalharei sob sua direção", disse Modi, que agradeceu aos eleitores de sua circunscrição de Benares pela vitória.

O futuro primeiro-ministro chegou à cidade sagrada do hinduísmo procedente de Nova Délhi, onde centenas de pessoas, agitando bandeiras de seu partido, receberam Modi para festejar a maior vitória de apenas um partido nos últimos 30 anos.

"Modi é nosso leão! Ele trabalhará para o povo da Índia, trabalhará a favor do desenvolvimento, trabalhará por cada indiano", gritou Om Dutt, um comerciante de 39 anos.

A vitória deste partido nacionalista hindu modificou o mapa político da Índia, colocando fim aos dez anos de governo da dinastia Gandhi-Nehru, à frente do Partido do Congresso, desgastada por um crescimento econômico fraco e por uma corrupção crescente.

Modi, filho de um vendedor de chá, recebeu as felicitações de líderes internacionais após sua vitória e prometeu que a Índia, o segundo país mais populoso do mundo, se converterá em potência mundial.

O líder hindu acendeu uma lâmpada a óleo e se sentou no centro de um tablado com flores às margens do Ganges, rio purificador para os hinduístas
Economia


Narendra Modi, de 63 anos, deve ser empossado como primeiro-ministro na próxima semana, depois de ter garantido a maioria absoluta no Parlamento com 282 assentos dos 543 totais, segundo os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral.

O primeiro-ministro em fim de mandato, Manmohan Singh, apresentou sua renúncia neste sábado e agradeceu ao povo indiano em seu último discurso televisionado.

"Hoje a Índia é muito mais forte do que há dez anos atrás", disse Singh, de 81 anos, em um curto discurso, usando seu habitual turbante azul. "Eu atribuo isso a vocês. Precisamos trabalhar muito para levar este país ainda mais adiante".

O economista também desejou sucesso ao sucessor Modi, declarando estar "confiante de que a Índia vai aparecer como uma economia forte no mundo, misturando tradição com modernidade, e unidade com diversidade".

Modi prometeu durante a campanha instaurar um poder forte capaz de reativar a economia indiana.

Após uma década de crescimento superior a 8%, o PIB da terceira maior economia asiática (depois de China e Japão) está em fase de desaceleração, com uma expansão de 5% em 2012/2013.

A principal tarefa de Modi será a reativação da economia, a luta contra uma inflação galopante e um desemprego ou subemprego que afeta milhares de jovens.

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