Kigali - Há pelo menos três meses, cada vez mais pessoas têm sido dadas como desaparecidas em Ruanda, ou foram vítimas de "desaparecimentos forçados", denunciou a organização Human Rights Watch (HRW), nesta sexta-feira (16/5), fazendo um apelo às autoridades locais para que investiguem a situação. "Um número crescente de pessoas foi vítima de desaparecimentos forçados, ou foram dadas como desaparecidas em Ruanda desde março de 2014", afirma a ONG de defesa dos direitos humanos.
Segundo a HRW, "muitos casos aconteceram no distrito de Rubavu, na província do Oeste", na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC). "Algumas pessoas desaparecidas foram detidas pelos soldados da Força de Defesa de Ruanda (RDF, o Exército Nacional ruandês) e (...) podem estar presas pelo Exército", alertou a HRW. A organização diz ter reunido informações de pelo menos 14 casos de desaparecimentos "forçados" no distrito de Rubavu, na região noroeste do país. Além disso, haveria vários casos semelhantes no distrito de Musanze, no norte do país, e em Kigali, a capital.
"Se as pessoas que desapareceram à força foram detidas, as autoridades devem reconhecer sua detenção imediatamente, revelar o local onde essas pessoas estão e lhes permitir acesso às suas famílias e a um advogado", defendeu a HRW. "Os desaparecimentos forçados são um crime odioso, sobretudo, em razão da angústia e dos sofrimentos que causam à famílias e aos amigos (dos desaparecidos)", afirmou o diretor para África da HRW, Daniel Bekele, citado em um comunicado.
Segundo a HRW, as informações coletadas "indicam que algumas pessoas que sofreram um desaparecimento forçado podem ter sido presas sob suspeita de serem membros, ou de trabalharem com as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR)". As FDLR são rebeldes hutu ruandeses, que atuam no leste da RDC e são acusados de terem participado do genocídio em Ruanda. Entre abril e julho de 1994, o massacre deixou cerca de 800 mil mortos, principalmente da minoria tutsi.