Nova Déli - O nacionalista hindu Narendra Modi, futuro primeiro-ministro da Índia, comemorou nesta sexta-feira (16/5) a vitória esmagadora do seu partido nas eleições legislativas, prometendo "realizar os sonhos" do povo indiano. Os resultados provisórios divulgados no início da noite dão a maioria absoluta no parlamento para o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP) de Modi, um feito para um partido sem alianças.
O líder do BJP é visto com desconfiança pela minoria muçulmana desde o massacre de Gujarat, em 2002. Mais de mil pessoas foram mortas em episódios de violência, principalmente muçulmanos. Modi foi acusado de estimular a perseguição aos muçulmanos. Em contrapartida, o Partido do Congresso, perdeu força ao longo dos dez anos no poder, marcados por escândalos de corrupção, de desaquecimento econômico e inflação.
"Vitória e derrota fazem parte da democracia. (...) Eu assumo a responsabilidade pela derrota", declarou à imprensa Sonia Gandhi, presidente do partido. O primeiro-ministro Manmohan Singh, que havia dito em janeiro que Modi seria um "desastre para o país", telefonou para seu provável sucessor para parabenizá-lo.
Economia, um grande desafio
O mercado de ações indiano fechou em leve alta depois de um aumento de 5% no início da semana. Os investidores estão otimistas sobre a capacidade de Modi acabar com as dificuldades econômicas, melhorando a infraestrutura e reduzindo a inflação galopante. "Ele tem diante de si um grande desafio que levará tempo, porque os problemas econômicos são muito agudos. Não há varinha mágica", considera D.K. Joshi, economista da agência de classificação Crisil.
Os principais empresários do país apoiam o líder do BJP em razão do ambiente positivo encontrado pelas empresas no estado de Gujarat, enquanto sua ascensão social convenceu parte da população de que poderia representar um governo forte e eficaz. Além dos nacionalistas hindus, Modi também recebeu o apoio de parte dos mais pobres, que tradicionalmente votavam no Partido do Congresso por seus programas sociais.
"Modi chegou no momento certo, em que a população foi vencida pelo abatimento", estima Mohan Guruswamy, do Center for Policy Alternatives. A clara derrota agitou o Congresso e levantou a questão da capacidade da família Gandhi de liderar o país. Rahul Gandhi, de 43 anos, - filho de Rajiv Gandhi e neto de Indira Ganghi, dois ex-primeiros-ministros assassinados quando estavam no cargo - realizou uma campanha considerada fraca pelos analistas.
Mas a vitória do partido nacionalista hindu gera temores de uma época difícil entre Índia e Paquistão, devido ao papel do governo regional de Modi durante o confronto étnico de 2002 em Gujarat. Para os analistas, o novo chefe de Governo será avaliado, principalmente, por sua atuação na área econômica.