Soma - A Polícia turca jogou nesta sexta-feira (16/5) bombas de gás lacrimogêneo contra milhares de manifestantes perto da mina na qual quase 300 trabalhadores morreram, em um clima de protestos contra o governo cada vez mais intensos e a poucos meses da eleição presidencial.
Os críticos de Erdogan, que pedem sua renúncia, insistem na falta de monitoramento oficial nos locais de trabalho, principalmente nas minas. Mas os protestos contra o governo, que aumentaram em dezembro após um escândalo de corrupção que resvalou no Executivo e no próprio primeiro-ministro, não afetaram o governante Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que venceu as eleições municipais de 30 de março.
Após a vitória, ninguém duvida que o homem mais carismático da política turca vai disputar a próxima eleição presidencial. Na cidade de Soma, quase 500 funcionários continuavam trabalhando para retirar os últimos corpos da mina. "No máximo 18 mineiros permanecem presos na mina" de carvão, anunciou nesta sexta-feira o ministro da Energia, Taner Yildiz, que indicou que o registro de mortes na tragédia chegará a pouco mais de 300.
A empresa privada que explora a mina de Soma negou qualquer negligência. O diretor de exploração da Soma Komur Isletmeleri A.S., Akin Celik, declarou que o acidente pode ter acontecido devido a uma explosão causada por pó de carvão, e não por um curto-circuito em um transformador elétrico, apontado desde o início como a origem do acidente.
O diretor-geral da empresa, Alp Gürkan, chamou o acidente de "tragédia inacreditável", mas destacou que a mina respeita as normas de segurança. A imprensa local acusa Gürkan, ligado ao partido governista, de priorizar o lucro em detrimento da segurança de seus trabalhadores. O presidente americano, Barack Obama, telefonou nesta sexta-feira para seu colega turco, Abdullah Gul, para manifestar os pêsames pela catástrofe.