Os Estados Unidos ameaçaram atingir ainda mais a economia russa com novas sanções, se Moscou tentar impedir a realização da eleição presidencial na Ucrânia no dia 25 de maio, crucial para o futuro do país.
Os confrontos entre o Exército ucraniano e os separatistas armados se intensificavam nesta quinta-feira no leste da Ucrânia, um mês depois de as autoridades de Kiev terem lançado uma operação antiterrorista com o objetivo de restabelecer a ordem nas regiões em poder de milicianos.
Os insurgentes pró-russos continuam ampliando o seu controle no leste da Ucrânia, como em Antratsyt, na região de Lugansk, onde homens armados tomaram a Prefeitura nesta quinta, constatou um jornalista da AFP.
[SAIBAMAIS]Em Londres, um funcionário americano levantou a possibilidade de novas sanções e declarou que a primeira série de sanções econômicas de Washington e Bruxelas contra a Rússia foi como "usar o bisturi em vez do martelo".
No entanto, "podemos fazer muitas coisas para criar esta hemorragia", acrescentou o funcionário após um encontro em Londres entre o secretário americano de Estado, John Kerry, e seus colegas britânico, francês, alemão e italiano.
Americanos e europeus trabalham para "enviar uma mensagem aos separatistas pró-russos e a Moscou para dizer a eles que qualquer tentativa de impedir a eleição provocará uma série de danos à Rússia, incluindo sanções contra o setor" econômico, advertiu esse funcionário de alto escalão, ressaltando as vulnerabilidades da economia russa.
A eleição presidencial ucraniana de 25 de maio, convocada após a destituição, em fevereiro, do então presidente Viktor Yanukovytch, é considerada fundamental pelos ocidentais para que a crise chegue ao fim.
Até o momento, a Rússia havia rejeitado o processo eleitoral, mas o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que esta eleição pode ser positiva.
A dez dias da eleição, as pesquisas apontam o magnata pró-ocidental Petro Poroshenko como líder, com 33% das intenções de voto, muito à frente de Yulia Timoshenko, figura emblemática da Revolução Laranja de 2004 (5,9%), e do pró-russo Serguei Tighipko (4,1%).
- Diálogo de surdos -
As autoridades ucranianas garantiram que estão dispostas a ouvir o povo do leste, mas que não cederão à chantagem dos insurgentes pró-russos, durante uma mesa redonda na quarta-feira em Kiev, que tinha como objetivo buscar uma solução para a crise, mas que se transformou em um diálogo de surdos.
Dois ex-presidentes ucranianos, assim como candidatos à presidência e deputados, participaram da conferência. No entanto, nenhum líder separatista das regiões de Donetsk ou Lugansk foi convidado, apesar da insistência de Moscou.
Algumas horas depois do encerramento das discussões, o Ministério ucraniano da Defesa indicou que combates estavam sendo travados perto de Kramatorsk, um dos redutos rebeldes.
O Exército ucraniano anunciou a neutralização de um grupo armado de insurgentes perto da localidade de Starovarvarivka. Três rebeldes foram capturados e um lança-foguetes, apreendido, segundo o Ministério da Defesa.
No total, pelos menos 15 soldados e policiais morreram desde meados de abril no leste da Ucrânia, de acordo com um registro estabelecido pela AFP a partir de números dos ministérios da Defesa e do Interior.
Em uma carta aberta a líderes da UE, o presidente russo declarou nesta quinta que não havia recebido uma proposta concreta da UE para evitar o corte do fornecimento de gás russo à Ucrânia.
A gigante russa Gazprom havia advertido na terça-feira que exigia da companhia pública ucraniana 1,66 bilhão de dólares como pagamento antecipado pelo fornecimento de gás no mês de junho. Do contrário, poderá interromper o fluxo de gás para a Ucrânia no início do mês.