Os geólogos já sabem que este vale sofre fenômenos de desnível, às vezes muito pronunciados (cerca de 30 cm por ano, em alguns lugares, um registro acumulado de 5,50 metros), provocados pela extração de água no subsolo, uma atividade sem qualquer limitação regulamentar na Califórnia, ao contrário do que acontece em muitos outros estados vizinhos.
Colin Amos descobriu que algumas regiões rochosas na fronteira do vale de San Joaquin, como a famosa Sierra Nevada, elevou-se de 1 a 3 mm todos os anos, em uma espécie de choque de reação, vinculado à elasticidade da crosta terrestre.
Esta tendência sazonal, ligada às precipitações e que termina na estação seca (fim do verão e começo do outono), é acompanhada de um fenômeno de fundo que se acentua ano após ano e que corresponde à superexploração de lençóis freáticos, escreveram os autores no estudo, publicado na revista científica britânica Nature.
Esta sobre-elevação crônica de parte da Califórnia central modifica as tensões exercidas sobre a falha de San Andreas, aumentando provavelmente a frequência de pequenos sismos na região, mas também potencialmente, a mais longo prazo, os riscos de um tremor de terra maior.
"Estes resultados sugerem que as atividades humanas podem aumentar progressivamente o ritmo dos sismos", destacaram os cientistas, que se disseram ainda mais inquietos porque a demanda de água deverá continuar a subir na Califórnia apesar dos efeitos negativos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos.