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Explosão de mina deixa pelo menos 151 mortos na Turquia

A explosão teria sido causada por um problema elétrico, registrado por volta das 12h30 (9h30 de Brasília)




Ao menos 151 mineiros morreram e centenas continuam presos sob a terra, vítimas da explosão de uma mina de carvão em Manisa, cidade do oeste da Turquia, nesta terça-feira, anunciou o ministério da Energia.

No total, 787 mineiros ficaram presos na mina após a explosão, revelou o ministro Taner Yildiz, acrescentando que até o momento 363 operários foram retirados, incluindo 151 mortos.

Yildiz destacou que os socorristas realizam agora "uma corrida contra o tempo".

A explosão teria sido causada por uma falha elétrica, ocorrida por volta das 9h30 (horário de Brasília), segundo a imprensa local.

À noite, as equipes de socorristas continuavam a retirar os feridos a conta-gotas, a maioria com graves dificuldades respiratórias.

Os bombeiros tentam bombear ar para as galerias da mina para os mineiros presos cerca de dois quilômetros sob a superfície da terra e a uma distância de quatro quilômetros da entrada da mina. Segundo os bombeiros, uma fumaça espessa dificulta o avanço das equipes.

Os socorristas enviaram um helicóptero para o local do acidente, e o Exército, uma equipe de cerca de 20 pessoas, segundo a agência turca de notícias Anatolia.

Os mineiros teriam máscaras de oxigênio à sua disposição, mas não se sabe por quanto tempo podem sobreviver nessas condições, de acordo com a imprensa local.

Parentes dos mineiros estão no local do acidente e no hospital de Soma, para onde os feridos estão sendo levados. Muitos estão aos prantos.

"Espero notícias do meu filho desde o início da tarde", disse à AFP Sena Isbiler. "Não tenho notícia alguma. Ele ainda não saiu", lamentou.

"Já houve pequenos acidentes aqui, mas é a primeira vez que vemos um acidente tão grave como esse", afirmou um mineiro, ainda em estado de choque.

O ministro turco da Energia, Taner Yildiz, negou-se a dar um registro oficial de vítimas. "Não quero dar um número. Primeiro, devemos entrar em contato com os mineiros que estão sob o solo", declarou Yildiz à imprensa.

"Quatro equipes de resgate estão trabalhando agora na mina. O problema é o fogo, mas enviamos oxigênio para as galerias que não foram afetadas", completou.

Em um comunicado, a companhia mineradora Soma Komur considerou o episódio um "acidente trágico" e lamentou que, "infelizmente, alguns dos nossos empregados perderam a vida nesse acidente".

"O acidente aconteceu apesar de um máximo de medidas de segurança e de inspeções, mas conseguimos intervir rapidamente", garantiu a empresa.

O Ministério turco do Trabalho e da Segurança Social anunciou que a mina foi inspecionada pela última vez em 17 de março e que aplica as normas em vigor.

Segundo o mineiro Oktay Berrin, em conversa com a AFP, porém, "não há qualquer segurança nessa mina, os sindicatos são apenas marionetes, e a diretoria só pensa em dinheiro".

Mais cedo, Muzaffer Yurttas, deputado por Manisa do partido do governo, o AKP, disse que de 300 a 400 mineiros ainda estão presos na mina. Segundo outras estimativas, entre 200 e 300 pessoas estariam nessa situação.

Em conversa com a imprensa, em Ancara, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan expressou suas "mais sinceras condolências" às famílias das vítimas.

"Alguns dos mineiros foram salvos, e espero que sejamos capazes de salvar os outros", declarou.

Vedat Didari, especialista em indústria mineradora, explicou à AFP que o principal risco é a falta de oxigênio.

"Se os ventiladores não funcionarem, os mineiros podem morrer em uma hora", disse Didari, da Universidade Bulent Ecevit, em Zonguldak.

As explosões em minas de carvão são comuns na Turquia, principalmente no setor privado, que, em muitos casos, não respeita as regras de segurança. O acidente mais grave aconteceu em 1992, quando 236 mineiros perderam a vida em uma explosão de gás na mina de Zonguldak.

O distrito de Soma, que tem cerca de 100.000 habitantes, é um dos principais centros de extração de lignito (carvão fóssil), a principal atividade da região.