Caracas - A justiça venezuelana libertou, na noite de sábado, a maioria dos jovens detidos na quinta-feira em uma gigantesca operação noturna em quatro acampamentos de manifestantes contra o presidente socialista Nicolás Maduro, deixando 11 deles na prisão.
Nas portas do tribunal de Caracas, durante a noite, os parentes receberam com abraços os últimos 156 jovens que iam saindo pouco a pouco, alguns erguendo os braços e gritando "Liberdade", embora ainda tenham que se apresentar à justiça. "A 156 dos acusados foram dadas medidas cautelares" (liberdade condicional), diz a nota do Ministério Público, ao divulgar o número de libertados no sábado.
Este grupo elevou a 208 o número de jovens postos em liberdade, de um total de detidos que o ministério do Interior, general Miguel Rodríguez Torres, calculou em 243, apesar de as ONGs calcularem que a cifra é menor, embora não tenham dado detalhes.
O governo Maduro justificou a mobilização de mais de mil agentes antimotins para desmontar estes quatro acampamentos - o mais cheio em frente aos escritórios da ONU em Caracas - na madrugada da última quinta-feira, por considerar que as barracas abrigavam grupos que preparavam "atos terroristas".
Leia mais notícias em Mundo
A nota do MP venezuelano explica, ainda, que 11 manifestantes continuarão presos por acusações de porte ilegal de arma de fogo, obstrução de via pública, danos à propriedade, tráfico de drogas, associação para o crime, entre outros delitos para os quais será apresentada apelação na próxima semana, afirmou à AFP Gonzalo Himiob, um dos advogados de defesa e representante da ONG Fórum Penal.
Enquanto isso, estes 11 presos ficarão na sede dos Serviços de Inteligência venezuelanos (Sebin). Outros três jovens - dois homens e uma mulher - terão que pagar fiança que os colocará em liberdade nos próximos dias.
Com a libertação de 208 jovens, entre quinta e sábado, deu-se fim às audiências de apresentação dos manifestantes detidos nos quatro acampamentos montados em Caracas, última face visível dos protestos de rua iniciados em fevereiro contra a inflação, a escassez de produtos básicos como café e papel higiênico e a violência criminal, e que ocorrem no primeiro ano do governo socialista de Maduro.
A prisão dos manifestantes motivou outros protestos nas ruas na quinta-feira, nos quais morreu um policial e, no sábado, uma marcha opositora que foi de uma praça ao leste de Caracas até a sede da ONU, onde foi dispersada pela tropa de choque com bombas de gás lacrimogênio.