México - Centenas de familiares, especialmente mães, fizeram neste sábado uma marcha na capital mexicana para pedir às autoridades que procurem pessoas desaparecidas pelas mãos do crime organizado em diferentes regiões do país. "Eu me dedico a procurar a minha filha em tempo completo", disse Rocío Uribe, quando perguntada sobre sua ocupação.
[SAIBAMAIS]A mulher, de 40 anos, exibe uma foto grande de Maria Fernanda Tlapaco Uribe, que desapareceu em 12 de abril de 2012 ao sair da escola no estado do México. Sua melhor amiga foi a última a vê-la quando deixou o ponto onde ambas esperavam o ônibus para voltar para casa. Rocío disse que desde a primeira hora que sua filha desapareceu, soube que havia algo errado, mas as buscas oficiais só começaram um mês depois, devido a trâmites burocráticos.
Fer, como a mãe a chama, teria agora 16 anos e a única pista que os pais receberam foi a ligação de um homem não identificado que lhes disse que a filha estava trabalhando em um bar. "Essa ligação marcou a minha vida porque fomos e ela não estava lá", conta, enquanto caminha junto com centenas de mulheres que exibem, como ela, fotos de desaparecidos sob um inclemente sol que castiga Paseo de la Reforma, uma das principais avenidas do centro da capital.
É preciso ir a necrotérios, a hospitais, viajar a outros estados, conta a mãe de Fernanda, que garante que vai continuar com as buscas, ainda que "dure toda a vida". "Onde estão, onde estão, onde estão nossos filhos?" repetem as vozes dessas mulheres, como um lamento em meio aos prédios altos desta movimentada área comercial da Cidade do México.
Diana Angélica Castañeda, outra jovem de 14 anos desaparecida em 7 de setembro de 2013, quando saiu de casa para ver uma amiga, é outra que também parece ter sido engolida pela terra. "A linha de investigação é tráfico" de mulheres, conta sua mãe, Maria Eugenia Fuentes, de 42 anos, originária de Tecama, estado do México.
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O governo mexicano reconhece que pelo menos 26.121 pessoas desapareceram durante o governo do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012), que mobilizou uma estratégia militarizada no país para atacar os cartéis do tráfico e o crime organizado. O governo atual de Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), garante que os níveis de violência têm diminuído.
"Mas nós não vemos isso, não temos nossos filhos, nossos maridos de volta às nossas casas", disseram por meio de um comunicado, lido por um ativista, as cerca de 700 pessoas que participaram da marcha neste sábado, quando o México comemora o Dia das Mães. Entre as vítimas estão homens e mulheres, a maioria jovens e civis, mas também há policiais enviados à luta contra o narcotráfico e que nunca voltaram.