Em seguida, um desfile aéreo mobilizou dezenas de aeronaves, incluindo bombardeiros supersônicos Tupolev TU-22 e caças Sukhoi Su-27 e MiG-24 que sobrevoaram a cidade. A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou esta semana o anúncio do desfile na Crimeia, enquanto que as regiões do leste e sul da Ucrânia, onde Kiev e o Ocidente acusam Moscou de incitar o separatismo, afundam na violência.
Nesta sexta-feira, Putin elogiou a "força do patriotismo" russo durante o desfile militar de 11.000 homens e dezenas de tanques, lança-mísseis, helicópteros e bombardeiros em Moscou comemorando a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945. "A vontade de ferro do povo soviético, a sua coragem e firmeza salvaram a Europa da escravidão", declarou. A anexação em março da Crimeia à Rússia foi e estopim para a pior crise entre russos e ocidentais desde o fim da Guerra Fria.
Na Ucrânia, as comemorações foram mais discretas. Em Kiev, uma breve cerimônia foi realizada em um parque da cidade na presença do primeiro-ministro Arseniy Yatseniuk. "Há 69 anos combatemos com a Rússia contra o fascismo e nós vencemos.
Hoje, a Rússia lançou uma guerra contra a Ucrânia", declarou Yatseniuk, chamando Moscou a "parar de apoiar terroristas que matam civis na Ucrânia". Putin adotou na quarta-feira um tom mais conciliador do que o habitual. Ele propôs um cenário de "diálogo", pedindo para Kiek para a operação militar em curso no leste, em troca do adiamento de um "referendo" sobre a independência no leste da Ucrânia, previsto para domingo, mas os separatistas decidiram na quinta-feira manter esta consulta.
Kiev não voltará atrás Por sua vez, o governo ucraniano reiterou na quinta-feira não ter a intenção de renunciar à restauração da ordem no leste. Em 2 de maio, as novas autoridades lançaram uma operação militar que já resultou em dezenas de mortes.
Em Slaviansk, reduto rebelde pró-russo, tiros e explosões foram ouvidos durante a noite. Três blindados, um deles com a bandeira russa, desfilaram nesta manhã no centro da cidade, cuja praça principal estava lotada de pessoas. Os separatistas desejam confiar a direção da insurreição a um homem chamado Igor Strelkov, que segundo os serviços de segurança ucranianos é um coronel do serviço de espionagem russo.
Strelkov lidera atualmente a milícia em Slaviansk e foi "proposto como comandante de todas as forças de ;autodefesa; de Donbas", importante região mineradora, anunciou o governador auto-proclamado de Donetsk, Pavlo Gubarev. Strelkov, de 43 anos, nega ser um coronel russo, mas os ucranianos culpam ele pelo sequestro dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), libertados em 3 de maio.
De acordo com autoridades ucranianas, este homem se chama Igor Guirkin e vivia em Moscou, até deixar sua cidade em fevereiro para cruzar a fronteira. A tensão continua forte na Ucrânia com a aproximação da eleição presidencial antecipada de 25 de maio, que deverá permitir a eleição de um sucessor de Viktor Yanukovych.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, é esperado segunda-feira em Kiev para expressar o apoio da União Europeia à Ucrânia antes da eleição. Também há questões econômicas em jogo. A Rússia anunciou na quinta-feira que passará a fornecer gás para a Ucrânia apenas mediante pagamento prévio, devido a uma dívida de US$ 3,5 bilhões. Esta medida poderia ameaçar o fornecimento de gás para a Europa, que importa um quarto de seu gás da Rússia, quase a metade através da Ucrânia.