Criticando a "passividade" do governo da Espanha diante do "principal risco" para o felino mais ameaçado do mundo, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) considerou "intolerável" o aumento do número de linces ibéricos atropelados nas estradas do país, após um novo caso registrado no fim de semana.
O WWF "considera intolerável que o número de atropelamentos de linces tenha triplicado nos últimos anos até se tornar o maior risco para o futuro do felino mais ameaçado do planeta", destacou a ONG ambientalista em um comunicado.
Com a foto de um felino de longas orelhas coroadas com pelagem negra, atropelado em uma sarjeta, a associação lançou, em 29 de abril, uma petição na internet chamada "Nem mais um lince atropelado", na qual denuncia "a sangria de mortes de linces nas estradas" em 2013, com 14 animais mortos.
Desde que foi lançada a petição, outro felino, um macho de um ano chamado Kaiser, perdeu a vida debaixo de um carro no fim de semana em uma estrada da Andaluzia, no sul do país. "Trata-se do sexto exemplar que morre por esta causa este ano", denunciou a ONG.
"O WWF lamenta este novo atropelamento e volta a denunciar a passividade do ministério de Fomento", acrescentou. Com mais de 5.450 assinaturas coletadas nesta terça, o apelo se destina às ministras de Fomento, Ana Pastor, e de Meio Ambiente, Isabel García Tejerina.
"Essas mortes, que estão deixando em risco o futuro da espécie, se concentraram em quatro pontos críticos em estradas de competência do seu ministério e poderiam ter sido evitadas com a aplicação de medidas simples, como reparar ou melhorar a demarcação das estradas, instalar sinalização ou capinar as margens", diz a petição.
Além do risco nas estradas, o lince ibérico sofre também na Espanha com doenças que afetam os coelhos, sua única presa, a destruição de seu hábitat natural para construção de rotas, represas e casas e, em menor medida, à caça, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que considera a espécie "em risco crítico de extinção".
Em 2009, segundo o WWF, havia 230 exemplares adultos na natureza, a maioria vivendo em parques naturais do sul da Espanha, contra 100.000 no começo do século XX em Portugal e Espanha.