A eleição será a primeira desde que os militares derrubaram o presidente islâmico Mohamed Mursi, no dia 3 de julho. Mursi foi o primeiro chefe de governo eleito democraticamente no país árabe mais populoso do mundo e hoje é réu em quatro processos.
Depois do golpe, a Irmandade Muçulmana, movimento político de Mursi, passou a sofrer uma repressão implacável e foi considerada uma organização "terrorista".
O único adversário de Al-Sissi, o esquerdista Hamdeen Sabahi, surgiu como uma figura da oposição que garante representar os ideais da revolta de 2011 que derrubou o ditador Hosni Mubarak.
[SAIBAMAIS]
Mas Al-Sissi tem grande popularidade por ter anunciado à nação a deposição de Mursi, e seus seguidores o consideram um líder capaz de restaurar a estabilidade. Seus opositores temem que o preço a pagar seja o das liberdades, pelas quais lutaram por tanto tempo.
"As políticas em vigor com Mubarak são as mesmas políticas em vigor hoje", com o regime instaurado pelo Exército, disse neste sábado Sabahi durante um ato na cidade de Asiut, no sul.
"Nosso objetivo é ganhar a confiança das pessoas para mudar as políticas de corrupção, tirania e pobreza", acrescentou.
Sabahi, que ficou em terceiro nas eleições de 2012 vencidas por Mursi, tenta se consolidar a longo prazo, por considerar que não tem chance diante do amplo apoio recebido por Al-Sissi.
Se o ex-chefe do Exército, de 59 anos, vencer, vai restaurar a tradição de um militar à frente do país, interrompida pelo ano de poder civil de Mursi.
"Prometo trabalhar duro e peço a todos que assumam suas responsabilidades comigo. Construir uma nação é responsabilidade de todos", postou Al-Sissi neste sábado no Twitter.
"A estabilidade, a segurança e a esperança para o Egito podem ser alcançadas com nossa vontade e nosso potencial", prometeu.
O militar reformado, odiado pelos simpatizantes de Mursi, prometeu acabar com a onda de ataques, como os atentados de sexta-feira que mataram um policial no Cairo e um soldado na península do Sinai.
O norte da península, na fronteira com Israel e a Faixa de Gaza, transformou-se em um refúgio para os militantes islamitas, que efetuam ações de insurgência desde a derrubada de Mursi.
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Em caso de vitória de Al-Sissi, espera-se um aumento dos protestos e ataques da Irmandade Muçulmana e de seus seguidores, apesar da repressão, a maior sofrida pelos islamitas em uma década.
Pelo menos 1.400 pessoas, em sua maioria militantes islâmicos, morreram nas ruas vítimas da repressão, e milhares foram presas e processadas.
Ainda neste sábado, um tribunal do Cairo condenou 102 simpatizantes de Mursi a dez anos de prisão por participação em manifestações violentas.