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Ucrânia tem dia sangrento com ofensiva militar no Leste e tumultos no Sul

Em Slaviansk, o prefeito autoproclamado da cidade pediu que "mulheres, crianças e idosos não saiam de casa" e que "todos os homens ajudem" os insurgentes

Sloviansk - A Ucrânia vive uma sexta-feira (2/5) caótica, com a ofensiva do Exército ucraniano para recuperar a cidade separatista de Slaviansk, no leste, e um confronto entre pró-russos e nacionalistas em Odessa, no sul, que deixou mais de 30 mortos. Em Slaviansk, onde a população acordou com o estrondo de canhões, o prefeito autoproclamado da cidade, Viacheslav Ponomarev, pediu em um vídeo que "mulheres, crianças e idosos não saiam de casa" e que "todos os homens ajudem" os insurgentes.



Nas localidades ao redor de Slaviansk, os militares ucranianos foram recebidos com hostilidade pela população local, que gritava "Voltem para casa" e tentavam bloquear a passagem dos veículos blindados, constatou a AFP. As autoridades ucranianas exigem que os "terroristas libertem os reféns, entreguem suas armas e desocupem os prédios públicos", indicou em sua conta no Facebook o ministro do Interior, Arsen Avakov, que disse estar no lugar dos fatos com o ministro da Defesa, Mihailo Koval.


No início da ofensiva, forças ucranianas perderam dois militares na derrubada dos helicópteros Mi-24, atingidos por lança-foguetes portáteis, segundo o Ministério da Defesa, que acusou "grupos profissionais de sabotagem" e "militares ou mercenários estrangeiros". A Rússia, acusada por Kiev e pelos países ocidentais de estar por trás do movimento separatista, classificou a ofensiva militar de "operação de represália" e de "golpe mortal no acordo de Genebra", assinado em meados de abril entre Moscou, Kiev e os ocidentais. Ao apoiar as autoridades de Kiev, "os Estados Unidos e a União Europeia assumem uma grande responsabilidade e bloqueiam de fato a via para uma solução pacífica da crise", denunciou Moscou.

EUA e Alemanha ameaçam com novas sanções

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçaram a Rússia nesta sexta com novas sanções que atingiriam determinados setores econômicos, caso a crise na Ucrânia se agrave ainda mais. Durante uma entrevista coletiva à imprensa na Casa Branca, Obama advertiu Moscou para possíveis sanções "setorizadas", se a eleição presidencial de 25 de maio na Ucrânia for comprometida ou impedida pelos rebeldes pró-russos.

A chanceler alemã advertiu que a Europa está preparada para iniciar uma "terceira etapa" de sanções econômicas contra a Rússia, mesmo diante da oposição de empresários de seu país. "Estamos preparados para este passo", afirmou Merkel. A segunda etapa afetou indivíduos, enquanto a terceira seria destinada a atingir setores econômicos. Essas medidas, que especialistas dos Estados Unidos e da Europa já avaliam, teriam como alvo setores como finanças, energia e mineração, vitais para a economia russa.

A Ucrânia vai às urnas em 25 de maio para eleger um novo presidente. O presidente americano também pediu que a Rússia ajude na libertação dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), mantidos como reféns em Slaviansk. Os separatistas exigem a saída do governo pró-ocidental instaurado em Kiev após a queda do presidente Viktor Yanukovich, em 22 de fevereiro. As negociações pela libertação dos 11 homens (sete estrangeiros e quatro ucranianos) ainda não deram resultado.