O Fundo Monetário Internacional aprovou nesta quarta-feira (30/4) uma ajuda de 17 bilhões de dólares para a Ucrânia, que atravessa uma profunda crise econômica em meio a uma insurreição crescente no leste do país.
A aprovação do comitê executivo do FMI abre caminho para o envio imediato de 3,2 bilhões a Kiev, que enfrenta graves problemas fiscais.
Como parte de um resgate de 27 bilhões de dólares organizado junto com Banco Mundial, União Europeia e outros, o plano de ajuda do FMI "tem como objetivo restaurar a estabilidade macroeconômica, reforçar a governança econômica e a transparência, e promover um crescimento econômico sustentável, protegendo, ao mesmo tempo, o mais vulnerável."
[SAIBAMAIS]O Fundo alertou, no entanto, que a economia da Ucrânia deve registrar uma contração de 5% este ano, mesmo com o programa de empréstimo de dois anos. Alguns dos desembolsos iniciais podem ser destinados a saldar uma dívida 2,2 bilhões de dólares pelo gás natural da Rússia, que ameaçou cortar o fornecimento do combustível para a ex-república soviética.
O FMI vinha sendo cauteloso a respeito de um programa de ajuda à Ucrânia, depois de dois planos de empréstimo desde 2008 que não deram certo por causa da falta de comprometimento do governo com as condições de reforma estabelecidas pelo organismo.
O Fundo insistiu na redução dos grandes subsídios aos combustíveis e do auxílio social, e nos esforços contra os altos níveis corrupção no governo. Mas a queda do governo pró-Rússia do presidente Viktor Yanukovytch, em fevereiro, e a chegada ao poder de um governo interino pró-Ocidente defendendo reformas abriram as portas para um novo programa de empréstimo.
O primeiro-ministro Arseni Yatsenyuk prometeu implementar as reformas propostas pelo FMI, incluindo um aumento nos preços dos combustíveis que prometem ser impopulares e politicamente difíceis. Com o forte apoio de Estados Unidos e União Europeia, o FMI se moveu rapidamente para apresentar o novo plano de ajuda.
Mas a situação no leste da Ucrânia representa um risco mais imediato, devido à importância econômica da região. Moscou já promoveu a anexação da península da Crimeia (sul), e as forças russas estão agora posicionadas perto da fronteira ucraniana, ameaçando apoiar os separatistas favoráveis a Moscou.
Nesta quarta, Kiev indicou que suas forças estão em "alerta total de combate" diante de uma possível invasão russa. Mas as autoridades da Ucrânia admitiram que não têm muito o que fazer contra os insurgentes no leste.