Há menos de um mês das eleições presidenciais na Colômbia, cerca de 100 mil camponeses colombianos começaram nesta segunda-feira (28/4) uma série de protestos em todas as regiões do país. Desde o começo da manhã, agricultores bloqueiam rodovias, sob alegação de que o governo não cumpriu sua parte nos acordos estabelecidos nas negociações com o setor agrícola, em manifestação semelhante, nos meses de agosto e setembro do ano passado.
Há concentrações e bloqueios em rodovias de pelo menos 12 departamentos [estados] colombianos, entre os quais Antioquia, Boyacá, Caldas, Cauca, Cundinamarca, Meta e Santander. O Exército colombiano montou um esquema especial e militarizou alguns pontos em rodovias consideradas cruciais para o deslocamento, como a que liga Boyacá a Cundinamarca, onde está localizada Bogotá. Nos protestos do ano passado mais de 50 rodovias foram bloqueadas; algumas por mais de duas semanas.
O movimento tem a participação de vários setores, principalmente de pequenos agricultores - como os produtores de batata, trigo e leite - e alguns cafeicultores, que reclamam a falta de avanço, por parte do governo, no cumprimento das promessas feitas na negociação anterior.
Mas o presidente da República, Juan Manuel Santos, e ministros do governo contestam as queixas sobre o descumprimento dos acordos e atribuem a nova mobilização ;a interesses políticos;, motivados pelo cenário eleitoral ; o país terá eleições presidenciais no dia 25 de maio.
O governo também acusa as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército da Libertação Nacional (ELN) de terem se ;infiltrado; no movimento agrário. Nos protestos anteriores, as Farc haviam declarado apoio aos manifestantes e reconhecido a ;legitimidade; das reivindicações. Além da proximidade das eleições, a guerrilha também negocia o processo de paz com o governo.
Os agricultores pedem a renegociação de tratados de Livre Comércio entre a Colômbia e outros países, como Estados Unidos e Coreia do Sul, o que, segundo os produtores, teria desestabilizado o comércio interno e provocado a derrubada de preços dos produtos locais.
No acordo celebrado com os agricultores, em setembro de 2013, o governo prometeu criar mecanismos para ;proteger; alguns setores, de modo a garantir a compra da produção local. Mas, segundo os manifestantes, isso ainda não foi efetivado. Na negociação anterior, também foi combinado que haveria controle de custos dos insumos agrícolas, e o governo se comprometeu a estudar a viabilidade de rever prazos para pagamentos de dívidas e abertura de mais linhas de financiamento agrário.