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Holocausto foi 'o crime mais atroz' da era moderna, diz Mahmud Abbas

A declaração, divulgada através de um comunicado, foi feita num momento delicado para os esforços de paz patrocinados pelos Estados Unidos

Ramallah - O presidente palestino Mahmoud Abbas condenou a morte em massa de judeus no Holocausto, numa declaração inédita feita neste domingo (27/4), horas antes de Israel iniciar a cerimônia em memória do genocídio.

Abbas também pediu que o israelense sele uma paz "justa" com os Palestinos.

"O que aconteceu com os judeus no Holocausto foi o crime mais atroz que ocorreu contra a Humanidade na era moderna", disse Abbas por meio de um comunicado da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), divulgado no dia em que Israel comemora oficialmente o início do Holocausto.

Em inglês, o líder palestino manifestou suas condolências às famílias dos seis milhões de judeus que foram assassinados pelo regime nazista.

Esta não é a primeira vez que o presidente palestino denuncia o "crime" do Holocausto, embora tenha duvidado da magnitude do genocídio em seu doutorado, obtido em 1982 na Universidade de Moscou.

Ao receber jornalistas judeus em 1 de julho de 2010 em Ramallah (Cisjordânia), Abbas lembrou ter enviado seus representantes às cerimônias comemorativas, incluindo em Auschwitz. "Como é possível dizer que nós negamos o Holocausto?", questionou à época.


Mesmo assim, a afirmação deste domingo trata-sede uma das mais enérgicas sobre o genocídio nazista. A mensagem também foi divulgada em árabe.

"Sempre fico feliz quando alguém que negou o Holocausto no passado faz uma declaração como essa, mas neste caso tenho a impressão de que o feito está intrinsecamente ligado aos problemas que tivemos nos últimos dias", afirmou à AFP o historiador israelense Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon-Wiesenthal em Jerusalém.

Zuroff faz referência ao impasse que tomou conta do processo de paz entre israelenses e palestinos. Israel suspendeu as já estancadas negociações na semana passada, depois que Abbas chegou a um acordo com o Hamas para formar um governo de unidade.

Convite à paz

Em seu comunicado, Abbas convidou o governo israelense a "aproveitar a oportunidade de concluir uma paz justa e global na região, fundamentada na criação de dois estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado com paz e segurança".

Por causa do acordo entre a OLP de Abbas e o Hamas, as negociações de paz, retomadas em julho de 2013 por Washington, foram totalmente suspensas na última quinta-feira pelo governo de Benjamin Netanyahu.

Nos termos do acordo, a OLP e o Hamas, que controla Gaza, deverão formar um governo de "consenso nacional" dirigido por Abbas e composto por figuras políticas independentes.

Neste sábado, diante toda a cúpula da OLP reunida em Ramallah, Abbas afirmou que o próximo governo rejeitará a violência e reconhecerá o Estado de Israel, assim como os acordos assinados com esse país.

Israel avaliou, contudo, que a renovação de uma aliança com o Hamas - considerado pelo estado hebreu uma "organização terrorista" - foi um "golpe de misericórdia" no processo de paz.

"O Hamas nega o Holocausto tentando criar um outro Holocausto, que é a destruição do Estado de Israel", acusou Netanyahu neste domingo, durante a reunião semanal do conselho de ministros israelenses.

"Ao invés de fazer declarações visando acalmar a opinião pública internacional, Mahmud abbas deveria fazer uma escolha entre a aliança com o Hamas e a verdadeira paz com Israel", insistiu o premiê israelense.

A coalização governamental de Netanyahu tem se mostrado dividida sobre o futuro das negociações de paz com os palestinos. Ministros mais moderados, como Tzipi Livni e Yair Lapid, pedem que Israel espere a formação do novo gabinete palestino antes de tomar qualquer medida drástica.