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'Para alemães, os campos de concentração nunca existiram', diz Berlusconi

As afirmações de Berlusconi foram imediatamente repudiadas pelo presidente do Partido Socialista Europeu (PSE), Serguei Stanichev, que chamou o episódio de 'desprezível'

Roma - "Para os alemães, os campos de concentração nunca existiram": Silvio Berlusconi cometeu uma nova gafe neste sábado (26/4) ao atacar o socialista alemão Martin Schulz, candidato à presidência da Comissão Europeia.

O ex-chefe do governo italiano lembrou diante de militantes uma cena de 2003, quando foi contestado pelo parlamento europeu e, em resposta, aconselhou Schulz, à época deputado, a interpretar o pepel de "kapo" (chefe da segurança) nos filmes sobre os campos de concentração nazistas.

"Eu não queria insultá-lo, mas o fato causou um grande escândalo, porque para os alemães, os campos de concentração nunca existiram. Os campos de Katyn (campo soviético onde milhares de poloneses foram massacrados) sim, mas os campos alemães, não", lançou Berlusconi.

"Existe esse senhor chamado Schulz, para quem eu fiz uma campanha extraordinária involuntariamente, um homem que não tem a simpatia nem de Berlusconi, nem da Itália. Votar na esquerda significa votar nele", pregou ainda Berlusconi.

As afirmações de Berlusconi foram imediatamente repudiadas pelo presidente do Partido Socialista Europeu (PSE), Serguei Stanichev, que chamou o episódio de "desprezível".

"Estes comentários são um insulto à população alemã, não só a Martin Schulz. É também uma tentativa cínica de distrair (os eleitores) dos verdadeiros problemas, como a necessidade de mais empregos e de crescimento da Europa", disse Stanichev.

A imprensa italiana repercutiu as declarações de Berlusconi classificando-as de "gafe". David Sassoli, líder da delegação do Partido Democrata (centro-esquerda) no Parlamento Europeu, acredita que as falas são fruto de um "alto teor alcoólico".