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Porta-voz de João Paulo II justifica suas ações em casos de pedofilia

Pelo mundo, alguns acusam o papado de João Paulo II de ter acobertado estes casos

João Paulo II "não conhecia os resultados da investigação sobre os casos de abusos sexuais" porque faleceu antes que este trabalho tivesse terminado, declarou nesta sexta-feira (24/5) o porta-voz do papa polonês, Joaquín Navarro Valls.

Em uma coletiva de imprensa no Vaticano, como parte das atividades organizadas para a canonização de João Paulo II e João XXIII no domingo, Navarro Valls respondeu, assim, a uma pergunta sobre os abusos sexuais, em particular do mexicano Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo. No mundo alguns acusam o papado de João Paulo II de ter acobertado estes casos.

[SAIBAMAIS]Segundo Navarro Valls, médico psiquiatra, jornalista e membro da organização conservadora Opus Dei, no início o problema da pedofilia "não foi entendido por ele, nem por ninguém (...) A pureza de seu pensamento tornava impossível para ele compreender esta situação".

E acrescentou que o Papa convocou os bispos americanos a abordar o assunto porque dali vieram as primeiras denúncias. "O processo canônico contra o padre Maciel - lembrou - começou com João Paulo II e terminou um ano depois da posse de Bento XVI".

Sobre o papa polonês, contou também que tinha uma grande capacidade de trabalho, rezava muito e sorria sempre. "Não posso resumir todos os aspectos de santidade que vi em João Paulo II, mas acredito principalmente que três coisas o caracterizavam: rezar, trabalhar e sorrir. Nele, a oração era a necessidade mais profunda. Assim como para mim é respirar, para ele era rezar", contou.



"Tinha uma capacidade de trabalho incrível", acrescentou. E citou a história de quando o Papa estava de férias na montanha e ele, para convencer o pontífice a permanecer mais tempo, disse que os trabalhadores italianos tinham por lei o direito a um mês de férias pagas por ano.

"Que pena - respondeu o Papa - porque eu sou cidadão Vaticano", contou Navarro. Não lhe faltava bom-humor, mesmo quando já estava doente.

Outra vez, contou o ex-porta-voz, quando alguém visitou o pontífice e disse que ele estava bem, João Paulo II, que já estava doente, respondeu: "Você acredita que não me vejo na televisão como realmente estou?".