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Cidade do Vaticano ; A Igreja Católica viverá no próximo domingo mais um momento histórico do papado de Francisco. Pela primeira vez, dois papas ; João Paulo II e João XXIII ; serão decretados santos em uma mesma cerimônia. A dupla canonização deve atrair pelo menos 5 milhões de pessoas, segundo estimativas não oficiais. Se há exagero nesses cálculos, não se sabe. O certo é que hotéis e seminários de Roma estão lotados. Ontem, depois de ruídos na comunicação da Igreja, a presença do papa emérito Bento XVI foi confirmada, até segunda ordem. ;Será uma cerimônia de quatro papas;, dizia Ronaldo Silva, diretor de uma rádio católica e estudioso da Igreja, um dos milhares de jornalistas que também já desembarcaram na capital italiana.
Fiéis da capital italiana e do mundo inteiro, que começaram a chegar antes mesmo da Semana Santa, prometem fazer vigília, a partir de amanhã, para garantir um lugar na Praça de São Pedro. As muitas igrejas dos arredores ficarão abertas para acolher os peregrinos. Em agosto do ano passado, quando a data da celebração foi decidida, cogitou-se realizá-la em Tor Vergata, espaço fora de Roma que, em 2000, Ano do Jubileu, reuniu 3 milhões de jovens na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, a penúltima de João Paulo II, criador do encontro. A ideia, porém, não foi adiante.
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Segurança
Telões serão espalhados para que a multidão esperada possa acompanhar imagens e som da missa, marcada para começar às 10h (horário local). A praça está sendo preparada nos mesmos moldes do conclave e de qualquer outra grande celebração no Vaticano, embora oficialmente a Santa Sé tenha informado que será um evento simples. Quem conseguir chegar perto do mega-altar montado em frente à Basílica de São Pedro terá de passar por detectores de metal. Bispos precisarão apresentar convite para entrar.
As lembrancinhas dos futuros santos ; terços, medalhas, fotos, livros e tudo mais que a imaginação deixar surgir ; estão por toda a parte: na banca de revista do aeroporto, em mercadinhos da Via Aurelia, uma das principais avenidas de Roma, e, claro, nas dezenas de lojas de artigos religiosos nas ruelas que conduzem os fiéis ao coração da Igreja Católica.
Confira a com a chegada dos fiéis à Praça de São Pedro
O clima na Cidade do Vaticano é de festa, sobretudo porque a canonização de João Paulo II despertou o interesse da juventude, que sempre teve um carinho especial pelo santo padre polonês, dono do terceiro maior pontificado da história da Igreja, quase 30 anos. Por volta das 21h de ontem, jovens de diversas nacionalidades rezavam e cantavam aos pés do obelisco da Praça de São Pedro. Faz frio em Roma, ainda que a temperatura esteja na casa dos 20;C. O sol apareceu esta semana, mas a previsão para domingo é de chuva.
Pela primeira vez no centro da Igreja da qual faz parte, o diácono Clesiano Menezes, 35 anos, andava atordoado diante das monumentais colunatas erguidas dos dois lados Basílica. Ele saiu de Maceió, sozinho, para ver virar o santo o homem escolhido papa no mesmo ano em que ele nasceu: João Paulo II. ;Vim por causa dele. Vou ser ordenado padre daqui a quatro meses e quero pedir a bênção do novo santo;, afirmou o religioso, assumindo que João XXIII, ao menos para ele, assumirá papel de coadjuvante na cerimônia.
Vestidos com camisetas da JMJ, os brasilienses Marcelo Tomokiti e Ana Carolina Vieira, casados há menos de um ano, chegaram a Roma a tempo de acompanhar, no fim da tarde de ontem, uma missa dedicada a padre José de Anchieta, celebrada pelo papa Francisco parcialmente em português. ;Nós amamos a Igreja;, repetiam eles, que se conheceram quando Bento XVI visitou o Brasil, em 2007.