Washington - Um hacker convertido em informante do FBI originou em 2012 centenas de ataques contra sites de vários governos estrangeiros e transferiu depois os dados recuperados à agência federal americana, revelou nesta quinta-feira(24/4) o The New York Times.
[SAIBAMAIS]Entre as vítimas desta operação, mediante a qual foram obtidas diversas bases de dados e e-mails, figuram sites dos governos de Irã, Brasil, Turquia e Paquistão, assim como, por exemplo, o da embaixada da Polônia na Inglaterra, afirma o jornal, apoiando-se em documentos judiciais e entrevistas com pessoas envolvidas nestas operações. "Embora os documentos (judiciais) não indiquem se o FBI ordenou diretamente os ataques, dão a entender que o governo pode ter utilizado hackers para obter dados a partir do exterior", afirma o The New York Times.
No centro deste caso está Hector Xavier Monsegur, conhecido como "Sabu", um hacker de 30 anos convertido em informante do FBI após sua prisão. Membro influente do grupo "Anonymous", esteve envolvido em dezembro de 2010 na intervenção dos sites de cartões de crédito Visa, Mastercard e Paypal. Pelos diferentes crimes informáticos pelos quais era acusado, poderia ser condenado a até 124 anos de prisão. Cooperou com a investigação sobre o "Anonymous" e sua condenação "não parou de ser adiada", acrescenta o jornal.
Hector Monsegur estava em contato com outro integrante do Anonymous, Jeremy Hammond, a quem pediu para entrar em sites de governos estrangeiros. A lista de seus alvos de ataque inclui mais de 2.000 sites, segundo o jornal. Uma vez coletada a informação destes sites, esta era reenviada a um servidor informático controlado por Monsegur, contou Jeremy Hammond ao jornal durante uma entrevista que concedeu da prisão na qual está recluso.
Segundo documentos judiciais, Hector Monsegur também convenceu outros hackers a entrar em sites das autoridades sírias. "O FBI contratou mais hackers que queriam ajudar os sírios contra o regime de (Bashar al-) Assad, e que na realidade davam involuntariamente ao governo americano o acesso aos sistemas informáticos sírios", destaca um dos documentos citados pelo The New York Times.